Pesquisadores estudaram a relação entre exercício e morte por doenças
cardiovasculares em 2400 sobreviventes de ataques cardíacos
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Estima-se que uma a cada vinte pessoas se exercite mais do que deveria; estudo foi feito com sobreviventes de ataque cardíacos
A Organização Mundial da Saúde condena o sedentarismo e recomenda a
prática de cerca de 150 minutos por semana de exercício de intensidade
moderada (duas horas e meia) ou cerca de 75 minutos de exercício
vigoroso. Mas sobreviventes de ataques cardíacos devem ficar atentos
para não exagerar na conta.
De acordo com o estudo publicado no periódico científico Mayo Clinic Proceedings,
há um risco elevado para sobreviventes de ataques cardíacos que corram
mais de 48 quilômetros por semana ou andem mais de 74 quilômetros por
semana.
"O estudo fornece os primeiros dados em humanos
da existência de um aumento no risco cardiovascular em virtude da
prática muito elevada de exercício”, disse o autor da pesquisa, Paul T.
Williams, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos.
A
equipe de pesquisadores estudou a relação entre exercício e morte por
doenças cardiovasculares em 2.400 sobreviventes de ataques cardíacos e
que praticam atividade física regularmente. Foi observado que o risco de
morrer por doença cardiovascular diminuiu progressivamente para aqueles
que corriam até 48 km ou caminhavam até 74 quilômetros por semana.
Os
que alcançaram este nível de atividade física apresentaram 70% menos
risco do que os sedentários. No entanto, aqueles que se excederam e
correm mais de 48 km por semana, ou andaram mais de 74 quilômetros,
apresentaram um risco 2,6 vezes maior de morte cardiovascular.
"Os
resultados foram surpreendentes. Como outros tratamentos médicos,
parece haver um nível que pode ser excessivo", disse o autor do estudo
Williams. O pesquisador salienta que as descobertas do estudo são
específicas para sobreviventes de ataque cardíaco.
De acordo com
James H. O'Keefe, do Mid America Heart Institute e que escreve o
editorial na mesma edição do periódico científico Mayo Clinic Proceedings,
se os dados do estudo de Willians forem estrapolados para a população
em geral, aproximadamente uma em cada vinte pessoas exageram nos
exercícios. Por outro lado, vale lembrar que aproximadamente metade da
população é sedentária: não faz o mínimo recomendado de atividade
física.
"Para pacientes com doenças cardíacas, quase todos devem
se exercitar e geralmente a maioria deve fazer isso de 30 a 40 minutos
por dia. Do ponto de vista da saúde, não há nenhuma razão para se
exercitar mais que isso e especialmente não mais de 60 minutos", diz
Carl Lavie, cardiologista e também autor do editorial.
"Como
disse Hipócrates há mais de 2 mil anos, 'se 'pudéssemos dar para cada
indivíduo a quantidade certa de nutrição e exercício, nem muito, nem
pouco, encontraríamos o caminho mais seguro para a saúde’. Eu e meus
colegas autores acreditamos que esta continua sendo uma orientação
sábia”, completa.
iG
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