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domingo, 17 de agosto de 2014

No espaço, mais da metade dos astronautas toma remédio para dormir

Credit: Nasa - Canadian Space Agency Astronaut Robert Thirsk
A prática, também comum na Terra, pode comprometer a capacidade de aprendizagem e se tornar um vício 

Após aterrissar na Lua em 1969, Neil Armstrong disse não ter conseguido dormir em nenhum momento da noite. Buzz Aldrin, um outro viajante do espaço, contou que 120 minutos foram o máximo de descanso que teve durante as 21 horas em território lunar. 

O caso dos veteranos não é isolado, afirma um estudo publicado recentemente na revista The Lancet Neurology. A privação do sono continua sendo uma das queixas mais comuns dos cosmonautas. E também de quem está na Terra. Apenas nos países em desenvolvimento, 150 milhões de adultos passam noites em claro. 

Seja aqui ou no espaço, a solução do problema costuma ser a mesma: os remédios para dormir.

A Nasa determina que os astronautas tenham pelo menos oito horas e meia de sono. Entretanto, a pesquisa liderada por Laura Barger, do Brigham and Women's Hospital (EUA), revelou que não é isso que acontece. O estudo investigou 101 astronautas que somaram mais de 4 mil noites de sono na Terra e 4,2 mil no espaço. 

De acordo com os resultados, membros da tripulação em voo espacial — que fazem viagens intermitentes — dormem em média 5,9 horas. 

Os que passam temporadas na Estação Espacial Internacional (ISS), seis horas. Apenas 12% dos episódios de sono nas missões intermitentes e 24% na ISS duraram sete horas ou mais. Em casa, por outro lado, o primeiro e o segundo grupos registraram, respectivamente, 42% e 50% de noites com no mínimo sete horas de descanso.

Barger também constatou o uso generalizado de medicamentos para dormir, em especial os produzidos a partir das substâncias zolpidem e zaleplon. 

Três a cada quatro membros da tripulação da ISS e 78% dos astronautas em missão intermitente, em algum momento, lançaram mão desse recurso. De forma geral, as substâncias hipnóticas foram usadas em mais de metade (52%) das noites em missões espaciais. 

O uso rotineiro desses medicamentos é particularmente preocupante porque a FDA — uma espécie de Anvisa norte-americana — adverte que ingestão dessas pílulas impede o envolvimento em ocupações perigosas.

Correio Braziliense

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