Não adianta brigar contra a sua natureza, sugere a pesquisa |
Que atire a primeira pedra aquele que nunca teve um chefe que julgou totalmente inapto para o cargo que exercia.
E que atire ainda outra pedra aquele que nunca ficou inconformado
que, ao longo dos anos, o chefe simplesmente não aprendeu a liderar de
uma forma mais adequada — mas continuou lá, azucrinando, apesar de tudo.
Um estudo comportamental de peixes pode explicar por quê.
Conduzido pelo especialista em vida marinha Shinnosuke Nakayama, do
Leibniz Institute of Freshwater Ecology, ele trouxe informações
interessantes: quando os peixes necessitam buscar alimentos ou explorar
novas áreas, um deles, o mais “corajoso” ou “extrovertido”, toma a
liderança, enquanto os “tímidos” o seguem, o que geralmente funciona
muito bem para o cardume.
A proposta de Nakayama foi trocar a função dos peixes: ele “treinou” o
tímido para se tornar o líder, e o extrovertido para se tornar um
seguidor.
Depois, comparou a eficiência do par treinado com pares comuns. Ele
imaginava que seria mais fácil alguém aprender a se tornar um líder, do
que um líder aprender a seguir, mas o que encontrou foi justamente o
oposto: enquanto o extrovertido aprendeu a seguir o seu líder
compulsório, este simplesmente não conseguiu aprender a liderar.
E a dupla se saiu muito pior do que aqueles que seguiram a ordem natural das coisas.
O que isso quer dizer? Provavelmente, que os líderes nascem assim,
especulam os pesquisadores. Nos seres humanos, a carga de estresse para
uma pessoa liderar uma equipe é muito grande.
Sendo assim, a capacidade de liderar não depende apenas de
conhecimentos e habilidades – depende de uma preparação psicológica que,
muitas vezes, deriva diretamente do caráter e da personalidade da
pessoa.
Bons líderes são naturalmente mais extrovertidos, com um maior senso
de responsabilidade, organização e, acima de tudo, resiliência e
capacidade de lidar com estresse.
Por isso, muitas pessoas alçadas ao cargo de chefia por seus
currículos ou realizações muitas vezes são totalmente incapazes de
liderar.
Aceitar que na espécie humana a capacidade de liderança é inata ainda
é temerário, especialmente porque estamos nos baseando em peixes.
Mas, talvez, a seleção de líderes devesse considerar um pouco mais
estes dados e as características do indivíduo, do que o seu currículo.
Aí, toda a equipe se sairia melhor.
El Hombre
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