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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Trabalhar em horários irregulares pode prejudicar o cérebro e a memória, diz pesquisa

John Lund/Latinstock: Segundo pesquisa, horários alternados
podem estar relacionados com a diminuição da função cerebral
Estudo revelou que escalas indefinidas no batente podem trazer problemas cardíacos e danos cognitivos
 
Rio - Trabalhar em turnos irregulares pode causar danos a longo prazo para a memória e a saúde mental dos funcionários, segundo um novo estudo feito pelas universidades de Toulouse (França) e Swansea (País de Gales).
 
A mudança constante de horários no batente afeta o nosso relógio biológico, causando desgaste parecido com a fadiga de uma longa viagem de avião em que mudamos muito de fuso horário. Essas alterações já foram associadas, por exemplo, ao aumento de riscos para o coração e até de câncer.
 
 
Num estudo com 3 mil pessoas que vivem na França, os pesquisadores notaram que aqueles que trabalhavam em turnos rotativos tiveram desempenho significativamente pior em testes de memória e velocidade cognitiva do que as pessoas que haviam trabalhado em horários regulares.
 
A forma exata como o trabalho por turnos pode ter impacto sobre o funcionamento do cérebro não é totalmente compreendida. Mas sabe-se que perturbações no relógio biológico são conhecidas por afetar o corpo e a mente.
 
Estudos anteriores já mostraram, por exemplo, que pessoas que voam por longas distâncias regularmente apresentam uma função cerebral mais pobre, o que pode ser causado pela ruptura de algumas estruturas cerebrais, devido ao excesso de produção de hormônios do estresse. Um mecanismo semelhante pode estar ocorrendo em pessoas que alternam turnos diurno e noturno de trabalho por um período prolongado de tempo.
 
Também tem sido sugerido que os trabalhadores do turno da noite podem ser mais suscetíveis a deficiências de vitamina D por causa da menor exposição à luz solar. E a deficiência de vitamina D, por sua vez, tem sido associada a prejuízos na função cerebral em alguns estudos.
 
No estudo francês, 1.200 dos participantes foram acompanhados em três fases diferentes, em 1996, 2001 e 2006. Um em cada cinco havia trabalhado turnos rotativos entre manhãs, tardes e noites.
 
Aqueles que já trabalharam em turnos irregulares ou atuam assim tiveram notas mais baixas em testes de velocidade de processamento e memória do que aqueles com horário de expediente normal.
 
Os pesquisadores descobriram que a substituição dos turnos irregulares por horas regulares apresentou ligação com uma melhora na função cognitiva, o que sugere que quaisquer efeitos nocivos são reversíveis. Mas, segundo eles, foram necessários cinco anos para que estes efeitos fossem vistos.
 
Em artigo publicado no "British Medical Journal", os autores da pesquisa, liderados pelo pesquisador Jean-Claude Marquié, da Universidade de Toulouse, disseram que a saúde dos trabalhadores que atuam por turno deve ser acompanhada de perto, como resultado de suas descobertas.
 
"O comprometimento cognitivo observado no presente estudo pode ter consequências importantes para a segurança não só para os indivíduos, mas também para a sociedade como um todo, visto o número crescente de postos de trabalho em situações de alto risco que são realizados à noite", escreveram.
 
"Os resultados atuais destacam a importância de manter uma vigilância médica dos trabalhadores por turnos, especialmente daqueles que permaneceram em trabalhos divididos por turnos durante mais de dez anos."
 
O Globo

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