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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Epidemia de ebola faz casos de malária aumentarem na África

Foto: Jerome Delay / AP
Menina com sintomas de ebola é levada para uma ambulância, na Libéria
Pessoas têm evitado hospitais com medo de contaminação. Nos EUA, técnico do CDC não tem apresentado sinais de ebola
 
Rio — A luta da África Ocidental para conter a epidemia de ebola acabou fazendo sombra à campanha de prevenção e tratamento da malária — doença que mata muito mais na região do que o letal vírus da febre hemorrágica. Especialistas temem um aumento sem precedentes de malária na região.
 
Desde o início da epidemia, no início deste ano, foram registrados 19.497 casos de ebola, com 7.588 mortes, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Somente no ano passado, a malária matou 584 mil pessoas na África, a maioria crianças. Apesar de não existir vacina para a doença, há medidas de preveni-la e tratá-la.
 
No vilarejo de Gueckedou, onde teria ocorrido o primeiro caso de ebola da atual epidemia, ainda no fim do ano passado, os médicos simplesmente pararam de fazer testes de sangue para malária — numa tentativa de evitar a transmissão de ebola. Além disso, em todo o país, as pessoas deixaram de ir aos centros de saúde para tratar qualquer doença com medo de pegar o vírus ebola (que mata até 90% dos infectados).
 
A frágil infraestrutura de saúde dos países mais afetados pela febre hemorrágica — Guiné, Serra Leoa e Libéria — também contribui para que não haja instalações, ou mesmo mão de obra disponível para lidar com diferentes problemas ao mesmo tempo. Com isso, segundo Bernard Nahlen, vice-diretor da Iniciativa Malária, da Presidência dos EUA, houve um queda de 40% nos registros oficiais da doença, porque ninguém mais vai aos centros de saúde ou busca tratamento para outras doenças.
 
— Seria um erro enorme, para todos os envolvidos, que, no meio de uma epidemia de ebola, começasse a morrer muita gente por malária — afirmou Nahlen. — Mas me surpreenderia se, diante de tudo o que está acontecendo, não houvesse um aumento do número de mortes; e muitas dessas mortes serão de crianças.
 
Sintomas iniciais similares
Os números são estimados na Guiné, onde metade dos 12 milhões de habitantes não têm acesso a centros de saúde e morrem sem ser contados. Cerca de 15 mil teriam morrido em 2013 vítimas de malária; 14 mil deles crianças menores de 5 anos, segundo a ONG Redes para a Vida — África.
 
Ebola e malária têm sintomas similares, como febre e dores musculares. Mas enquanto a malária é transmitida pela picada de mosquitos infectados, o ebola só pode ser contraído pelo contato com fluidos corporais de doentes.
 
Técnico do CDC sem sinais de ebola
Neste domingo, os EUA afirmaram que o técnico de laboratório que pode ter sido exposto a ebola na semana passada no Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês), em Atlanta, não tem mostrado sinais da doença.
 
O Globo

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