Psiquiatra e neurologista lança livro em que explica como a mente humana, diante de uma doença, é capaz de redescobrir caminhos e enfrentar o problema
Ela é médica neurologista e também psiquiatra. Em 35 anos de experiência, Maria Henriqueta Camarotti ouviu e acompanhou muitos casos de pacientes vítimas de enfermidades físicas e emocionais que superaram as próprias tragédias e reinventaram o final de suas histórias pessoais. É preciso força e outros instrumentos de luta para sair vencedor dos momentos mais difíceis da vida. Por isso, Henriqueta se nega a falar de cura como resultado apenas da sabedoria da medicina convencional. Ela é defensora de caminhos alternativos e fora do lugar comum na busca por superação.
A médica acaba de escrever o livro Consciência autocurativa — Como utilizar os seus mecanismos psicocerebrais para alcançar a cura, que será lançado neste início de ano. No texto, extrapola o jargão da medicina e fala de epigenética, física quântica, campos morfogenéticos, que relaciona com o poder humano de redescobrir caminhos e enfrentar doenças. A princípio, os termos podem não soar familiares, mas dizem respeito ao poder interno de cura e transformação.
“Como médica, existe o risco de ampliar esse processo, mas se não tivermos coragem de falar dessa ampliação, vamos ficar limitados só ao aspecto físico e perdemos a dimensão mais bonita do ser humano: que é a dimensão que extrapola e transcende esse físico” defende Henriqueta. “Não é um livro místico. É um livro com olhar da medicina, mas não essa medicina medrosa, na qual o médico não quer conversar sobre as preocupações espirituais que os pacientes trazem. Inclusive, cito uma pesquisa que diz que a maioria dos pacientes sente falta desse olhar, desse acolhimento do médico.”
O poder do cérebro
“Fiz uma pesquisa da neurociência para verificar como o cérebro pode ajudar uma pessoa que esteja em sofrimento, seja psicológico, de uma perda, de uma situação difícil, seja por causa de uma doença em si, seja em alguém próximo. O que a neurociência tem buscado entender é que nosso cérebro tem recursos, potencial para nos ajudar a superar os revezes da vida, as situações dolorosas, inclusive as doenças que se manifestam fisicamente. Qualquer um de nós pode estar submetido a um adoecimento e a ideia é discutir o que podemos fazer para ampliar o leque de opções nessa busca pela superação.
A meditação, por exemplo, tem sido estudada por diversos centros de pesquisa norte-americanos, inclusive em universidades e faculdades de medicina. A observação é sempre muito coerente: a pessoa que medita alivia muito os problemas psicológicos e físicos. A explicação seria a de que, quando meditamos, acalmamos ondas que vão estar hiperativas em determinadas regiões cerebrais e acionamos mecanismos naturais do cérebro que vêm à tona para que a pessoa possa superar a dificuldade enfrentada pelo organismo.”
O significado da doença
“A psicossomática diz que a doença é uma linguagem, uma forma de comunicação. Ela está nos dizendo algo. Quando a gente responde ao que ela está nos comunicando, então, a força dela vai sendo amortecida, porque nós estamos desmanchando o padrão de linguagem. Às vezes, começa com pequenos sussurros, mas a pessoa continua a vida sem se transformar e chega o momento em que a doença berra, grita. E aí é quando a gente enfrenta uma doença que tem um risco de vida, que nos diz assim: ‘Faça alguma coisa!’.”
O poder de transformação
“Na medicina, acontecem casos de a pessoa estar com diagnóstico de uma doença degenerativa, sem cura. O médico manda o paciente para casa e, depois de alguns meses, ele está praticamente recuperado. Quando a gente vai atrás, sempre encontramos a história de alguém que se propôs a se transformar internamente. Não é ao acaso. É o investimento. Ele busca forças dentro de si — claro que com a ajuda dos que estão ao seu lado —, para acionar tais mecanismos. Muitas vezes, eles estão ligados a questões religiosas, espirituais e, outras vezes, é uma busca de se transformar. A pergunta é: ‘O que eu posso fazer para ser uma pessoa melhor?’ Quando nós entramos nesse campo de buscar uma possibilidade de elevar nosso potencial de consciência, potencial criativo, de solidariedade com as pessoas, com o planeta, a gente entra em uma fase de vibração em que se aciona o organismo nas coisas mais sutis que ele tem.”
O potencial de cura
“Se um modelo de vida está gerando doença, não adianta só tratar os sintomas. Eu tenho que ir lá atrás e transformar esse modelo e refazê-lo. Por isso, quando falamos em “cura espontânea”, não é uma coisa isenta, que venha do nada. É uma cura processada pelo organismo, motivada por uma busca interior, que tem a ver com o fato de se reposicionar diante da vida. Uma mudança de visão, de comportamento. Escuto isso de muitas pessoas, que, depois que começam a melhorar de uma depressão, de um quadro psiquiátrico, por exemplo, dizem assim: ‘Você não imagina como sou uma pessoa melhor!’ Para elas, a doença é vista quase como um presente.”
Mecanismos psicocerebrais
“São mecanismos naturais do cérebro, de inter-relação dos sistemas neuro, endocrino e imunológico. Esses três são sistemas de sustentação do corpo, de defesa, de capacidade de fagocitar e eliminar agentes agressivos e limpar o campo para que o organismo reaja e volte a funcionar normalmente. Seria a chamada psicoimunologia. Você aciona — por meio da sua mente, da vontade, da disposição, da busca, do que você deseja profundamente — o sistema imunológico para defender seu organismo contra as interferências externas.”
Consciência curativa
“Nosso trabalho de consciência autocurativa está baseado na capacidade psicocerebral e psicoemocional de entender que os seres humanos são capazes de refazer o próprio caminho. É a possibilidade de você expandir a capacidade se integrar em um universo maior. Trabalhamos a consciência como algo de expandir o potencial humano, de ir além da caixa craniana. Claro que não vou dizer que não existam milagres, assim como a medicina oficial não garante que exista um tratamento que vá curar a pessoa. Mas existe uma faixa entre o ‘sempre’ e o ‘nunca’ que é uma faixa de possibilidades. Então, ao associar um tratamento oficial a uma busca interior e a possibilidade de outras técnicas como acupuntura, homeopatia, trabalhos psicocorporais, meditação, você está acionando outros níveis de energia do seu corpo, que não só o nível biológico básico. É bom enfatizar que é um conjunto, que vamos atacar, vamos interferir em vários níveis de possibilidades. Há necessidade que um tratamento convencional? Sim, mas vamos associando simultaneamente ao sistema imunológico da pessoa, mecanismos psicoemocionais, mecanismos psicocerebrais que o cérebro tem para enfrentar naturalmente seus estresses, dificuldades e doenças. É a chamada medicina integrativa.”
Sete passos para atingir a consciência autocurativa
Vencer a doença: saber como causa, quais são as possibilidades, o que melhora, o que pode atrapalhar. A gente enfrenta tudo isso com clareza, com o médico, com o terapeuta, com aqueles que podem ajudar.
Aceitar: quando a gente aceita, começa a superar. Não é passividade, mas assumir sua realidade interior com toda a clareza e toda a consciência e pensar no que se pode fazer para superar.
Conectar-se: significa conectar-se com a vida, com o divino, com o cósmico, com as pessoas que lhe amam, com o terapeuta, com o médico que está lhe ajudando. É conexão no sentido mais amplo. Essa busca de conexão é importante porque as coisas mais pesadas no adoecimento são o isolamento e a solidão do paciente.
Potencializar a cura: é estar aberto para acolher as possibilidades válidas e não ter preconceito em adotá-las. Por exemplo, alguém que, além de um tratamento oficial para depressão, optou por frequentar uma escola de filosofia. Lá, ela cicatrizou muitas dores, como a necessidade de se sentir qualificada. Isso é potencializar a cura. Quebrar os preconceitos e ampliar a busca por ajuda em outros níveis de propostas terapêuticas.
Autotransformar: é transformar o que está vivendo em um grande aprendizado. No fim, ter uma outra forma de caminhar na vida.
Agradecer: agradecer profundamente a autotransformação e, inclusive, a doença.
Disseminar: é compartilhar o que você aprendeu.
Como ajudar o outro
“Não se pode fazer pelo outro, mas pode-se motivá-lo. Trabalhar com a parte medicamentosa e, quando a pessoa está muito derrubada, dar uma medicação para que ela consiga dar o primeiro passo em relação ao processo. Com o remédio, grupos de trabalho percorrem os passos da autocura. Mas, no fundo, é o paciente quem diz se quer ou não quer.”
A médica acaba de escrever o livro Consciência autocurativa — Como utilizar os seus mecanismos psicocerebrais para alcançar a cura, que será lançado neste início de ano. No texto, extrapola o jargão da medicina e fala de epigenética, física quântica, campos morfogenéticos, que relaciona com o poder humano de redescobrir caminhos e enfrentar doenças. A princípio, os termos podem não soar familiares, mas dizem respeito ao poder interno de cura e transformação.
“Como médica, existe o risco de ampliar esse processo, mas se não tivermos coragem de falar dessa ampliação, vamos ficar limitados só ao aspecto físico e perdemos a dimensão mais bonita do ser humano: que é a dimensão que extrapola e transcende esse físico” defende Henriqueta. “Não é um livro místico. É um livro com olhar da medicina, mas não essa medicina medrosa, na qual o médico não quer conversar sobre as preocupações espirituais que os pacientes trazem. Inclusive, cito uma pesquisa que diz que a maioria dos pacientes sente falta desse olhar, desse acolhimento do médico.”
O poder do cérebro
“Fiz uma pesquisa da neurociência para verificar como o cérebro pode ajudar uma pessoa que esteja em sofrimento, seja psicológico, de uma perda, de uma situação difícil, seja por causa de uma doença em si, seja em alguém próximo. O que a neurociência tem buscado entender é que nosso cérebro tem recursos, potencial para nos ajudar a superar os revezes da vida, as situações dolorosas, inclusive as doenças que se manifestam fisicamente. Qualquer um de nós pode estar submetido a um adoecimento e a ideia é discutir o que podemos fazer para ampliar o leque de opções nessa busca pela superação.
A meditação, por exemplo, tem sido estudada por diversos centros de pesquisa norte-americanos, inclusive em universidades e faculdades de medicina. A observação é sempre muito coerente: a pessoa que medita alivia muito os problemas psicológicos e físicos. A explicação seria a de que, quando meditamos, acalmamos ondas que vão estar hiperativas em determinadas regiões cerebrais e acionamos mecanismos naturais do cérebro que vêm à tona para que a pessoa possa superar a dificuldade enfrentada pelo organismo.”
O significado da doença
“A psicossomática diz que a doença é uma linguagem, uma forma de comunicação. Ela está nos dizendo algo. Quando a gente responde ao que ela está nos comunicando, então, a força dela vai sendo amortecida, porque nós estamos desmanchando o padrão de linguagem. Às vezes, começa com pequenos sussurros, mas a pessoa continua a vida sem se transformar e chega o momento em que a doença berra, grita. E aí é quando a gente enfrenta uma doença que tem um risco de vida, que nos diz assim: ‘Faça alguma coisa!’.”
O poder de transformação
“Na medicina, acontecem casos de a pessoa estar com diagnóstico de uma doença degenerativa, sem cura. O médico manda o paciente para casa e, depois de alguns meses, ele está praticamente recuperado. Quando a gente vai atrás, sempre encontramos a história de alguém que se propôs a se transformar internamente. Não é ao acaso. É o investimento. Ele busca forças dentro de si — claro que com a ajuda dos que estão ao seu lado —, para acionar tais mecanismos. Muitas vezes, eles estão ligados a questões religiosas, espirituais e, outras vezes, é uma busca de se transformar. A pergunta é: ‘O que eu posso fazer para ser uma pessoa melhor?’ Quando nós entramos nesse campo de buscar uma possibilidade de elevar nosso potencial de consciência, potencial criativo, de solidariedade com as pessoas, com o planeta, a gente entra em uma fase de vibração em que se aciona o organismo nas coisas mais sutis que ele tem.”
O potencial de cura
“Se um modelo de vida está gerando doença, não adianta só tratar os sintomas. Eu tenho que ir lá atrás e transformar esse modelo e refazê-lo. Por isso, quando falamos em “cura espontânea”, não é uma coisa isenta, que venha do nada. É uma cura processada pelo organismo, motivada por uma busca interior, que tem a ver com o fato de se reposicionar diante da vida. Uma mudança de visão, de comportamento. Escuto isso de muitas pessoas, que, depois que começam a melhorar de uma depressão, de um quadro psiquiátrico, por exemplo, dizem assim: ‘Você não imagina como sou uma pessoa melhor!’ Para elas, a doença é vista quase como um presente.”
Mecanismos psicocerebrais
“São mecanismos naturais do cérebro, de inter-relação dos sistemas neuro, endocrino e imunológico. Esses três são sistemas de sustentação do corpo, de defesa, de capacidade de fagocitar e eliminar agentes agressivos e limpar o campo para que o organismo reaja e volte a funcionar normalmente. Seria a chamada psicoimunologia. Você aciona — por meio da sua mente, da vontade, da disposição, da busca, do que você deseja profundamente — o sistema imunológico para defender seu organismo contra as interferências externas.”
Consciência curativa
“Nosso trabalho de consciência autocurativa está baseado na capacidade psicocerebral e psicoemocional de entender que os seres humanos são capazes de refazer o próprio caminho. É a possibilidade de você expandir a capacidade se integrar em um universo maior. Trabalhamos a consciência como algo de expandir o potencial humano, de ir além da caixa craniana. Claro que não vou dizer que não existam milagres, assim como a medicina oficial não garante que exista um tratamento que vá curar a pessoa. Mas existe uma faixa entre o ‘sempre’ e o ‘nunca’ que é uma faixa de possibilidades. Então, ao associar um tratamento oficial a uma busca interior e a possibilidade de outras técnicas como acupuntura, homeopatia, trabalhos psicocorporais, meditação, você está acionando outros níveis de energia do seu corpo, que não só o nível biológico básico. É bom enfatizar que é um conjunto, que vamos atacar, vamos interferir em vários níveis de possibilidades. Há necessidade que um tratamento convencional? Sim, mas vamos associando simultaneamente ao sistema imunológico da pessoa, mecanismos psicoemocionais, mecanismos psicocerebrais que o cérebro tem para enfrentar naturalmente seus estresses, dificuldades e doenças. É a chamada medicina integrativa.”
Sete passos para atingir a consciência autocurativa
Vencer a doença: saber como causa, quais são as possibilidades, o que melhora, o que pode atrapalhar. A gente enfrenta tudo isso com clareza, com o médico, com o terapeuta, com aqueles que podem ajudar.
Aceitar: quando a gente aceita, começa a superar. Não é passividade, mas assumir sua realidade interior com toda a clareza e toda a consciência e pensar no que se pode fazer para superar.
Conectar-se: significa conectar-se com a vida, com o divino, com o cósmico, com as pessoas que lhe amam, com o terapeuta, com o médico que está lhe ajudando. É conexão no sentido mais amplo. Essa busca de conexão é importante porque as coisas mais pesadas no adoecimento são o isolamento e a solidão do paciente.
Potencializar a cura: é estar aberto para acolher as possibilidades válidas e não ter preconceito em adotá-las. Por exemplo, alguém que, além de um tratamento oficial para depressão, optou por frequentar uma escola de filosofia. Lá, ela cicatrizou muitas dores, como a necessidade de se sentir qualificada. Isso é potencializar a cura. Quebrar os preconceitos e ampliar a busca por ajuda em outros níveis de propostas terapêuticas.
Autotransformar: é transformar o que está vivendo em um grande aprendizado. No fim, ter uma outra forma de caminhar na vida.
Agradecer: agradecer profundamente a autotransformação e, inclusive, a doença.
Disseminar: é compartilhar o que você aprendeu.
Como ajudar o outro
“Não se pode fazer pelo outro, mas pode-se motivá-lo. Trabalhar com a parte medicamentosa e, quando a pessoa está muito derrubada, dar uma medicação para que ela consiga dar o primeiro passo em relação ao processo. Com o remédio, grupos de trabalho percorrem os passos da autocura. Mas, no fundo, é o paciente quem diz se quer ou não quer.”
Saúde Plena
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