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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Campanha nacional alerta para risco de segunda fratura causada pela osteoporose

A Sociedade Brasileira de Ortopedia (Sbot) lançou uma campanha nacional chamando a atenção para a necessidade de orientar médicos e pacientes sobre os riscos da refratura (segunda fratura em osso quebrado anteriormente) causada pela osteoporose

O diretor de Relações Institucionais do Comitê de Doenças Osteometabólicas da Sbot, Márcio Passini, disse ontem (24) que há dificuldade de diagnosticar a osteoporose, porque é uma doença assintomática, que o paciente, muitas vezes, desenvolve sem saber.

Um exame chamado densitometria identifica o problema. A campanha visa a alertar a população para que fale do assunto com seu ortopedista e cobre dele mais atenção para a doença. “O tratamento da osteoporose é para impedir que a pessoa tenha a primeira fratura.” O que ocorre, porém, é que muitas vezes a pessoa tem uma fratura osteoporótica que é tratada, mas, como a osteoporose é estudada por um grupo reduzido de ortopedistas, o profissional acaba esquecendo de pedir ao paciente a densitometria ou encaminhá-lo a um especialista, disse Passini.

“Com isso, a pessoa que teve uma fratura osteoporótica tem um risco aumentado de ter a segunda [fratura]. A pessoa [com osteoporose] tem duas vezes mais chances de ter uma segunda fratura do que de ter a primeira, e quatro vezes mais de ter a terceira. É exponencial, vai aumentando”, explicou.

A campanha objetiva lembrar à população que quem teve uma fratura osteoporótica precisa tratar a doença. Para o médico, nessa hora, é mais importante saber que a pessoa tem uma fragilidade óssea e tratar. “Precisamos entender que a pressão da população sobre o médico faz mais efeito do que a pressão das entidades de classe sobre o médico.”

Segundo Passini, é fácil identificar se uma fratura é osteoporótica. “O ortopedista tem treinamento para isso”. Pela radiografia e pelas características do acidente, ele pode fazer o diagnóstico. As fraturas osteoporóticas são provocadas por trauma de baixo impacto. Fraturas de colo de fêmur e da coluna vertebral são exemplos de fraturas osteoporóticas comuns. A isso se soma o fato de a pessoa ter mais de 50 anos de idade; ser mulher que teve a menopausa muito cedo, por volta de 40 anos de idade; ser uma pessoa franzina; ou ter histórico familiar de fraturas.

Passini diz que a refratura é um problema mundial. “Por isso, existem campanhas no mundo inteiro para prevenir a segunda fratura”. Ele destacou que é motivo de orgulho o fato de o Brasil ter sido o primeiro país que se preocupou em combater o risco da refratura no mundo, por meio do serviço público Prevrefrat [Prevenção de Refraturas], do Hospital de Ipanema, do Rio de Janeiro, que conseguiu 97% de redução da segunda fratura. “O Prevrefrat começou dois anos antes de o mundo ter acordado para o fato de é preciso tratar o paciente que tem a primeira fratura para impedir a segunda.”

O ortopedista disse que impedir a primeira fratura é um problema de saúde pública extremamente caro. A estimativa da Sbot é que existam 20 milhões de pessoas osteoporóticas no Brasil. “Estimamos que, no Brasil, ocorram 4 milhões de fraturas osteoporóticas por ano, que têm custo elevado para o Estado”. Embora a osteoporose seja uma patologia que acomete pessoas de mais idade, Passini explicou que o aumento do número de pacientes idosos com a doença é desproporcional ao crescimento da população com mais idade.

“Hoje, encaramos isso como algo que começou na infância. É a criança que toma pouco leite, é o adolescente que, em vez de praticar atividades físicas, pratica jogos de computador”. Segundo o médico, isso explica o aumento desproporcional da incidência de osteoporose na população idosa em relação ao aumento populacional dessa faixa de idade. A meta da Sbot é que 100% dos pacientes com fraturas osteoporóticas sejam tratados para evitar a refratura.

Agência Brasil

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