A falta de alimentação saudável e constante, a higiene precária e a ausência de abrigo prejudicam a saúde das pessoas em situação de rua, o que requer atenção e cuidados especiais
Rosana Ballestro Rodrigues, técnica na equipe do Consultório na Rua do Ministério da Saúde, conhece de perto as dificuldades que as equipes de saúde enfrentam para realizar os diagnósticos e tratamentos dessa população. “O tempo na rua é diferente, é o tempo da sobrevivência. A pessoa acorda para arrumar uma forma de comer naquele dia. Para ela, ter um compromisso de ir a uma unidade de saúde não é algo simples. Prescrever uma medicação após as refeições, por exemplo, para alguém que não sabe nem se comerá naquele dia é complicado. Por isso, o cuidado de saúde para essa população demanda um olhar específico, que leva em conta a situação de vida daquele usuário”, disse ela.
Para atender essa população, foi instituído pela Política Nacional de Atenção Básica, em 2011, o Consultório na Rua. A população em situação de rua é caracterizada, de forma geral, pelo grupo de pessoas que faz da rua seu espaço de vida privada, utilizando locais públicos e áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, assim como abrigos e albergues para pernoite ou moradia provisória.
Com equipes em campo, o Consultório na Rua visa ampliar o acesso da população em situação de rua aos serviços de saúde, ofertando, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde para esse grupo que se encontra em condições de vulnerabilidade e com os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados. Segundo Rosana, o objetivo do atendimento é estabelecer um vínculo com o paciente, para que ele confie no profissional e possa fazer um acompanhamento mais completo.
No Consultório na Rua, o atendimento é feito por equipes multiprofissionais que contam com enfermeiros, psicólogos, assistentes, técnicos ou auxiliares de enfermagem, técnicos em saúde bucal, cirurgião-dentista, profissionais/professores de educação física ou profissionais com formação em arte e educação.
O trabalho das equipes é realizado de forma itinerante e se adequa às demandas das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diurno e/ou noturno, em todos os dias da semana. “As equipes fazem atendimento de saúde, desde o pré-natal, acompanhamento do hipertenso, diabético, e também atendimentos de agravos prioritários, como a questão do dependente químico, principalmente do álcool, tuberculose e DST”, disse Rosana.
O atendimento prioriza o cuidado no local, que busca atender não só nos problemas de saúde e sociais, bem como ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde (UBS). Dependendo da necessidade do usuário, essas equipes também atuam junto aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), aos serviços de Urgência e Emergência e a outros pontos de atenção da rede de saúde e intersetorial. “Quando é possível o atendimento é feito na rua mesmo, com um primeiro diagnóstico, um curativo, por exemplo. O que precisa de mais privacidade pode ser encaminhado para uma Unidade Básica de Saúde para continuar o atendimento de acordo com a necessidade do usuário”, completa a técnica.
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