Estudo mostra que temperatura confortável para elas é 2,5°C maior que a desejada por eles – daí a briga pelo controle do ar-condicionado
Uma dupla de cientistas holandeses ofereceu recentemente uma nova resposta a uma velha e recorrente questão dos ambientes de trabalho: por que homens e mulheres reagem à temperatura de forma diferente?
Ou melhor: qual é a razão para mulheres correrem para seus casacos ao ouvirem os homens pedirem para aumentar o ar-condicionado?
Segundo o estudo, elas sentem frio mais rápido.
No teste realizado pelos pesquisadores, a faixa de temperatura mais confortável para as mulheres ficou entre 24°C e 25°C, dois graus e meio acima do termômetro desejado pelos homens.
O professor Paul Thornalley, da Escola de Medicina de Warwick, na Inglaterra, diz que a variação da taxa metabólica média e do calor do corpo “pode explicar porque há uma diferença na temperatura ambiente necessária para o conforto entre homens e mulheres”.
O metabolismo é responsável pelo crescimento e pela produção de energia, inclusive calor. E a taxa metabólica em repouso é a taxa mínima de energia gasta quando estamos em repouso, calculada por meio de um conjunto de equações. Em média, as mulheres têm uma taxa metabólica menor que a dos homens.
“Um determinante importante da taxa metabólica em repouso é a quantidade de massa magra (livre de gordura) no corpo das pessoas”, explica Thornalley.
A massa magra – que inclui todas as partes do corpo, como pele, ossos e músculos, excluindo a gordura – tem um peso importante na diferença de taxas metabólicas verificada entre homens e mulheres.
Como eles, em geral, têm mais massa magra do que elas, possuem taxa metabólica em repouso mais alta.
Os maiores órgãos, como fígado, cérebro, músculo esquelético e coração, são os que consomem mais energia.
A produção de calor sem movimento – quando a energia é gasta sem exercício ativo – ocorre na “gordura marrom”, segundo Thornalley. Humanos têm dois tipos de gordura: a branca, que abriga as calorias excedentes, e a marrom, que gera calor.
A gordura marrom produz calor involuntariamente por meio de um processo chamado termogênese.
Ele é regulado pelo hormônio da tireoide e pelo sistema nervoso, e pode ser responsável por uma variação adicional na taxa metabólica em repouso, particularmente em homens (para evitar a hipotermia, bebês têm níveis maiores de gordura marrom que adultos).
Essa maior proporção de massa corporal capaz de produzir calor significa que, em média, os homens não sentem frio tão facilmente como as mulheres. Por outro lado, têm uma tolerância menor ao clima quente do verão, já que seus corpos produzem mais calor.
Porém, como Thornalley ressalta, nem todas as pessoas são iguais. Alguns homens têm taxas metabólicas menores que algumas mulheres – logo, haverá casos em que João irá procurar por um casaco mais rápido do que Fernanda.
Há ainda quem sugira razões menos científicas para a genérica divisão entre gêneros quando o assunto é o ar-condicionado: algumas mulheres lançam mão de vestidos leves no verão, enquanto alguns homens continuam presos a seus ternos.
BBC Brasil / iG
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