Todos os dias milhões de notas e moedas circulam no mundo inteiro e passam pelas mãos de uma infinidade de pessoas. Todos sabem que há bactérias e muita sujeira na rua, mas pouca gente lembra que o dinheiro pode acabar levando germes de um lado para o outro. Paulo Olzon, infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que as doenças respiratórias podem ser transmitidas por meio dessa circulação.
— Na mão temos secreção, tanto que se você colocar o dedo no espelho ou no celular, fica marcado. A pele é úmida e esse contato manual pode transmite doenças respiratórias.
De acordo com o especialista, gripes e resfriados são as doenças mais frequentes quando falamos de transmissão por contato.
— Como muitas pessoas manuseiam as notas, tem vários microorganismos que podem transmitir doenças, principalmente as respiratórias. Se uma pessoa está com resfriado, vai comprar alguma coisa e coloca a mão no dinheiro, a pessoa pode se contaminar e por onde o dinheiro passar, quem entrar em contato pode ser contaminado.
De acordo com o médico, "nada circula mais do que o dinheiro, por isso a transmissão pode ser alta".
Olzon ressalta que as bactérias do dinheiro não são tão nocivas à saúde, mas que são bactérias e, mesmo que o organismo esteja preparado para combatê-las, é sempre bom se prevenir.
— É indicado lavar as mãos depois de lidar com dinheiro, principalmente antes de comer. Sem falar no cuidado de não colocar nem as mãos nem as notas na boca, porque a contaminação acontece muito mais rápida com o contato diretamente pela boca.
Segundo o médico, é possível até contrair diarreia se houver alguma bactéria que não faça bem ao organismo.
— Tem um conceito de que uma transmissão de uma doença depende da carga infectante, que é a carga que vai entrar no organismo, e lavar a mão diminui essa carga, que não tem força para prejudicar o organismo.
Moeda é menos perigosa
Olzon afirma que a moeda retém menos bactérias que o dinheiro em papel, por causa do material.
— Para uma bactéria conseguir provocar a doença, ela precisa aderir em algum lugar de transmissão. É o conceito de adesividade. E é muito mais fácil de ele ficar retida no papel do que no metal.
Apesar de haver transmissão de bactérias pela circulação do dinheiro, o infectologista ressalta que não há motivo para ficar apavorado com os germes.
— É importante não criar o pavor de ter que lavar a mão toda hora. Se por um lado lavar as mãos e ter higiene é bom, é preciso conscientizar de que dentro do corpo temos bactérias que trabalham para o funcionamento do organismo e que a maioria das bactérias é benéfica para o funcionamento do organismo, inclusive não viveríamos sem algumas delas. O dinheiro transmite algumas doenças, mas nada que seja motivo para se preocupar tanto assim.
R7
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