Cuidados com a dieta, identificar a causa do estresse e tratá-lo são fundamentais
Dr. Leonardo Peixoto
Dr. Leonardo Peixoto
GASTROENTEROLOGIA - CRM 780553/RJ
A expressão "gastrite nervosa" é muito usada e bastante comum, mas não existe uma definição precisa para o seu significado. Habitualmente usa-se este termo relacionado quando a pessoa apresenta sintomas de gastrite - como sensação de dor ou queimação no estômago - em alguém submetido a um estresse emocional significativo, não necessariamente exibindo alterações inflamatórias gástricas, que são evidenciadas com a endoscopia.
Já a gastrite com inflamação do estômago é causada principalmente pela bactéria Helicobacter pylori, por medicamentos (especialmente anti-inflamatórios), uso de álcool e drogas, outros agentes infecciosos, radiação, estresse metabólico (queimaduras e cirurgias de grande porte, por exemplo), alergias, doenças autoimunes, entre outras.
O estresse emocional pode afetar a motilidade gastrointestinal, ou seja, a movimentação da região. Também a produção de secreções e hormônios, a imunidade e o estado inflamatório dos órgãos. A ocorrência de mudanças na secreção de suco gástrico, no fluxo de sangue que perfunde (atravessa) o estômago e na regulação de fatores protetores da mucosa deste órgão pode deixar a mucosa do estômago mais avermelhada, o que pode ser visto em exames endoscópicos - gastropatia enantematosa ou gastrite endoscópica enantematosa. Porém, é necessário lembrar que mesmo pessoas que não apresentem alterações macroscópicas na endoscopia digestiva alta podem ter sintomas compatíveis com gastrite, como no caso da dispepsia funcional. Sob estresse, pode ocorrer um aumento na sensibilidade gástrica de forma que um estímulo considerado normal (a presença do suco gástico habitual) passe a ser percebido como dor.
Tratamento
O tratamento é feito com dieta, correção de hábitos alimentares, medidas para controle do estresse, medicamentos para o estômago e, se necessário, também para controle emocional. No quesito da dieta, deve-se dar preferência a alimentos de fácil digestão, evitando álcool, cafeína, alimentos cítricos, frituras, embutidos, comidas em conserva e certos condimentos e temperos mais fortes. Também é interessante evitar longos períodos de jejum, fazendo um lanche no meio da manhã e da tarde, e não devem ser ingeridas grandes quantidades de líquido nas refeições.
Em geral são usados medicamentos para reduzir a acidez estomacal, como os inibidores de bomba de prótons e antiácidos, ou para proteger a mucosa gástrica e ambos apresentam bons resultados.
Por fim, o mais importante é acessar a causa do problema que, neste caso, é o estresse. Existem diversos medicamentos com esse objetivo e a consulta com um médico pode ajudar a definir a indicação ou não de medicamentos específicos, mas medidas como atividades físicas, exposição adequada ao sol, bons relacionamentos sociais, hábitos de sono apropriados, meditação e psicoterapia podem ser muito efetivas e trazer um ganho importante para toda a saúde e bem estar da pessoa.
Referências:
Sleisenger and Fordtran's Gastrointestinal and Liver Disease- 2 Volume Set: Pathophysiology, Diagnosis, Management, 10e. FELDMAN, Mark, FRIEDMAN, Lawrence S. and BRANDT, Lawrence J.
Brain-gut connections in functional GI disorders: anatomic and physiologic relationships. M. P. Jones1, J. B. Dilley, D. Drossman and M. D. Crowell. Neurogastroenterology & Motility. Volume 18, Issue 2, pages 91?103, February 2006
Think Twice: How the Gut's "Second Brain" Influences Mood and Well-Being. By Adam Hadhazy. February 12, 2010. Scientific American
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