Atualmente, 36 crianças com HIV são tratadas no Ambulatório de Infectologia Infantil do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo, de acordo com dados de dezembro de 2015
Quanto a filhos de mulheres soropositivas que tenham sido expostos ao vírus mas não contaminados, são cerca de três novos casos por mês.
“As crianças expostas ao vírus, mas não contaminadas são acompanhadas durante 18 meses, até a exclusão da possibilidade de infecção”, explica Carla de Oliveira Cardoso, que é professora assistente de Pediatria na UFTM e médica do Departamento Materno-Infantil do HC.
Segundo Cardoso, que cuida de crianças soropositivas há 15 anos, a maioria desses pacientes desconhece o diagnóstico devido à vontade de seus pais. “A maior dificuldade não é fazer a criança aceitar o tratamento e sim convencer os pais da necessidade da adesão ao tratamento. Ministrar o remédio para a criança gera culpa, sofrimento, pena, e assim eles acabam não oferecendo a medicação regularmente. Cada paciente lida com doença a sua maneira: medo, revolta, tristeza, e outros com esperança, fé”, relata.
A profissional destaca o caso que mais a marcou em sua trajetória profissional: uma menina que chegou ao HC-UFTM em 2001, com uma infecção oportunista muito grave, desnutrida, impossibilitada inclusive de andar. “Ela ficou internada durante um ano inteiro, e sua vontade de viver foi muito maior que a gravidade da doença. Assim que ela conseguiu andar novamente, eu a levei para fora e sua emoção ao ver, depois de um ano, a luz do sol, foi tão intensa que me emociona até hoje. Essa menina, na época com oito anos, sabia do diagnóstico e nunca deu bola para a doença, seu foco era a vida”, relembra.
Terapia antirretroviral
No caso de gestantes soropositivas, existe um protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde para prevenção da transmissão do HIV da mãe para a criança – chamada transmissão vertical. O tratamento começa na gestante, com antirretrovirais que têm o objetivo de suprimir a carga viral. No momento do parto a mãe recebe um antiviral específico chamado AZT por via endovenosa. A criança, ao nascer, tem as secreções maternas removidas e recebe AZT via oral por quatro semanas.
Em algumas situações o recém-nascido recebe também outro medicamento, a nevirapina, por via oral. Essas medidas, quando seguidas corretamente, reduzem a chance de contaminação de 70% para menos de 1%. “Isso não é reversão do diagnóstico da criança, mas sim prevenção da contaminação”, esclarece Cardoso.
Já no caso de crianças efetivamente contaminadas pelo HIV, todas aquelas com diagnóstico confirmado antes de um ano de idade são tratadas, independentemente dos valores de carga viral ou presença de sintomas. Após essa idade, contudo, o início do tratamento depende de exames que vão acompanhar a capacidade imunológica e a carga viral. “Nesses casos, não é possível reverter a contaminação ou curar a doença, porém podemos controlá-la com antirretrovirais e garantir uma vida absolutamente normal, como no caso dos pacientes adultos com HIV”, informa a médica.
Fonte: ebserh.gov.br com informações do HC-UFTM
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