Desde o ano passado, comprar remédios que combatem bactérias ficou mais difícil
Thiago Lemos, do Hoje em Dia
As farmácias de Belo Horizonte estão usando o velho expediente da "empurroterapia" na tentativa de contornar os prejuízos gerados pela exigência de receita médica, em duas vias, para venda de antibióticos. Essa regra da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) entrou em vigor no final do ano passado. Os estabelecimentos indicam anti-inflamatórios no lugar dos remédios agora controlados.
De acordo com especialistas, o uso indiscriminado do medicamento representa grave risco à saúde e, em muitos casos, o paciente pode estar fazendo tratamento não indicado.
A reportagem do Hoje em Dia foi a três estabelecimentos à procura de antibióticos para tratamento de dor de garganta. Em todos eles os balconistas indicaram anti-inflamatórios, sem fazer qualquer tipo de avaliação. Além dessa falha, as farmácias ainda comercializaram, sem prescrição médica, medicamentos com tarja vermelha.
O coordenador científico da Sociedade Mineira de Infectologia, Antônio Carlos de Castro Toledo Júnior, alerta que os dois tipos de medicamentos são completamente diferentes. E que o uso deles ou de qualquer outro remédio sem orientação médica é prejudicial à saúde.
Segundo o especialista, a substituição de antibióticos por anti-inflamatórios pode piorar o quadro do paciente. Usando como exemplo a dor de garganta, o médico alerta sobre os riscos do tratamento incorreto.
– O tratamento dessa enfermidade só será eficiente após o diagnóstico. Na forma viral, que corresponde a até 90% dos casos, a cura acontece espontaneamente. O anti-inflamatório vai aliviar os sintomas da dor e o inchaço, mas ele poderia ser substituído por um analgésico. Neste caso, o maior problema é que o uso do medicamento de forma inadequada pode provocar feitos colaterais como gastrite, úlcera, insuficiência renal e até mesmo a morte, em casos mais extremos.
No caso de a doença ter sido provocada por bactéria, a substituição de antibióticos por anti-inflamatórios por ser ainda mais grave, diz o médico.
– A pessoa vai ter a doença mascarada. O anti-inflamatório vai, no início, combater a febre, a dor e o inchaço, mas não a doença. A infecção poderá progredir para um abscesso, com risco de uma disseminação bacteriana pelo corpo.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte trabalha de maneira preventiva, e que a fiscalização não tem como fazer flagrantes de venda irregulares, já que o fiscal, por formalidades legais, só pode iniciar seu trabalho após se identificar. A nota ressalta, ainda, que os anti-inflamatórios não podem ser indicados por nenhum funcionário de farmácia.
...Irregularidades devem ser comunicadas pelo telefone 156, ou pelo site da prefeitura.
http://noticias.r7.com/saude/noticias/farmacias-vendem-anti-inflamatorios-para-driblar-restricao-aos-antibioticos-20110112.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário