A inovação é considerada, há muito tempo, uma "ceifadora" de empregos. É muito comum encontrarmos empresas, até "bem desenvolvidas em sua estrutura organizacional", com uma estrutura Logística "arcaica", baseada na mão-de-obra e muito dependente das atuações individuais de determinados funcionários. Funcionários estes, comumente, "temerosos" e avessos às inovações potenciais. Desde a Revolução Industrial inglesa, que os trabalhadores se ressentem da mecanização adotada nas fábricas e na agricultura. Uma colheitadeira automática, por exemplo, pode fazer o serviço de até cem homens e em menos tempo. Assim, a quantidade de mão-de-obra necessária para produzir a mesma quantidade de bens é drasticamente reduzida. Do ponto de vista imediatista isso pode parecer terrível, podendo até gerar perturbações sociais imensas. A revolução Russa de 1917 é um bom exemplo do que pode ocorrer nesses casos. Entretanto, a longo prazo, notamos que são justamente as "temidas" inovações que acarretam as mudanças sociais e econômicas mais profundas e, na maior parte das vezes, mais positivas. A história está repleta de exemplos de que não foram as revoluções ideológicas que impulsionaram o desenvolvimento, mas sim as tecnológicas. Devemos às inovações tecnológicas o progresso da sociedade, por mais que possamos querer negar isso, desde a descoberta e utilização da eletricidade até a criação da linha de montagem, chegando à adoção dos princípios do "Lean Thinking". Novos tipos de trabalho, em geral menos dependentes de esforços físicos e mais intelectuais, são desenvolvidos, acarretando um aumento natural da produtividade nas empresas. É bem verdade que, infelizmente, muitas dessas descobertas e inovações foram desenvolvidas em períodos de guerra. Paralelamente, o percentual de analfabetos no mundo tem declinado constantemente desde o século XIX. As pessoas tem vivido mais e melhor e a grande quantidade delas no mundo, inclusive, já é um problema. Sociedades mais justas tem surgido a partir da metade do século XX e os jovens tem começado a trabalhar bem mais tarde, pelo menos nos países mais desenvolvidos. Segundo o filósofo alemão Frank Schirrmacher, crises decorrentes do envelhecimento da sociedade são iminentes. Estima-se que no ano 2.000 havia 606 milhões de idosos nos mundo e que em 2050 haverá 1,97 bilhão. As atuais crises previdenciárias em muitos países, inclusive de primeiro mundo, são apenas um dos fatores que o envelhecimento humano traz. Assim, somente através das inovações poderíamos evitar que isso se transforme em algo que ponha em risco nossa existência como espécie humana. Tecnologias inovadoras como o microcomputador e a internet, tem disponibilizado e aumentado espantosamente a variedade e velocidade da informação e da comunicação entre as pessoas no mundo inteiro, nos levando em direção à chamada aldeia global. Nenhuma dessas conquistas sociais seria possível sem as inovações. A sociedade se adapta às mudanças, ela se inova e se renova também. Algumas vezes mais rápido que em outras, mas no geral, a vida tem estado melhor neste último século, do que nos 5.000 anos de história anteriores. Pense nisso antes de desistir da próxima inovação na Logística de sua empresa. Até há pouco tempo, Logística era simplesmente fonte de custos. Hoje, ela assume papel de atividade estratégica.
Este artigo foi baseado em palestra do Prof. C. K. Prahalad da Universidade de Michigan, promovida pela HSM – Management. Jornal Administrador Profissional, nº 196, outubro/2002. Conselho Regional de Administração – SP. http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=772721828978467268
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