Facilitar a alimentação dos recém-nascidos prematuros é o objetivo da solução
Facilitar a alimentação dos recém-nascidos prematuros e a termo internados em unidades de tratamento intensivo neonatais ou mesmo em domicílio é o principal objetivo de um produto desenvolvido pela fonoaudióloga Nádia Rodrigues Mallet, que trabalha no Departamento de Neonatologia do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). O dispositivo, que começou a ser pensado ainda na década de 1990, acaba de ter seu pedido de patente depositado no escritório oficial americano United States Patent and Trademark Office.
A proposta do novo copinho leva em consideração as particularidades do bebê e pretende ser um facilitador, inclusive, da prática da amamentação durante a internação e após a alta hospitalar
Há 20 anos, quando foi credenciado pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), o Instituto passou a utilizar copinhos para alimentar os bebês internados, em substituição às mamadeiras e chuquinhas, que colocam em risco o sucesso da amamentação, além de causar outros malefícios para a criança, como problemas de fala e de arcada dentária. No entanto, explica Nádia, os produtos fabricados até o momento não atendem às necessidades específicas desse público e acabam funcionando como mais um obstáculo ao processo de alimentação alternativa e à amamentação dos recém-nascidos.
Fruto da observação da fonoaudióloga em sua rotina diária na UTI Neonatal do IFF, o produto é o que se denomina "inovação incremental", ou seja, que busca adaptar as tecnologias já existentes para seu melhor funcionamento. A proposta do novo copinho leva em consideração as particularidades do bebê e pretende ser um facilitador, inclusive, da prática da amamentação durante a internação e após a alta hospitalar.
"Esse é o grande diferencial dos produtos patenteados por nossos profissionais. Todos os inventos são simples e de baixo custo de produção, mas de alto impacto para a prevenção de agravos e para a melhoria da qualidade da saúde materno-infantil", afirma a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Instituto, Sueli Rezende, integrante do Sistema Gestec-NIT da Fiocruz e atual responsável pelas ações de propriedade intelectual da unidade. O invento desenvolvido pelo IFF, que requereu patente nacional registrada no INPI desde 2009, ainda se encontra em fase de desenho, mas já existem negociações envolvendo sua produção em escala por empresas nacionais voltadas ao segmento infantil.
Inovação voltada para soluções
A área dedicada à inovação e ao desenvolvimento tecnológico no IFF começou a ser formalizada em 2001, com a portaria de criação do Núcleo de Pesquisa em Ciência, Tecnologia & Inovação em Saúde (NUPCTIS), que oferece suporte a ideias inovadoras e seu desenvolvimento. Mas, mesmo antes da sua institucionalização, já começaram a surgir os primeiros projetos, que sempre tiveram, como finalidade, resolver ou atenuar problemas percebidos na prática cotidiana do ambiente hospitalar.
Em 1991, o cirurgião pediátrico Paulo Roberto Boechat obteve a primeira patente nacional para o Instituto com a sua cadeira anti-refluxo. O produto, de uso doméstico e hospitalar, destinava-se a crianças com refluxo gastroesofágico. Embora tenha sido feito até mesmo um protótipo para exposição, o invento não chegou a ser produzido e comercializado. Isto demonstra a importância do NIT, que tem exercido um papel fundamental no destino desses projetos.
Para Sueli, um dos maiores desafios, após a obtenção da patente, continua sendo realizar o levantamento e a captação de mercados e empresas potencialmente interessados em produzir e comercializar o produto. "Se um invento do IFF alcança a comercialização, que é o nosso desejo, ele possibilita um retorno financeiro não apenas para o responsável pela criação, mas garante recursos que serão reinvestidos em toda a instituição, tanto nos laboratórios de pesquisa quanto na assistência à população", conclui. Nas últimas duas décadas, o Instituto solicitou patente para dez produtos voltados à melhoria da qualidade do cuidado com o segmento materno-infantil. Atualmente, três novos inventos estão em fase de formulação para futura solicitação de patente.
http://www.saudebusinessweb.com.br/noticias/index.asp?cod=76012
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