por Agência Fiocruz Renata Moehlecke
01/03/2011
Segundo pesquisadores, resultados visam estabelecer medidas de promoção e prevenção e subsídios para elaboração de programas de saúde
As informações sobre usuários de planos de saúde no Brasil ainda são dispersas e não sistemáticas no Brasil, o que faz com que dados sobre fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) sejam difíceis de serem compilados. Com base no fato de que essas enfermidades são responsáveis por mais de 60% das mortes no país e no mundo, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade de São Paulo (USP) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) analisaram informações coletadas por inquérito telefônico com mais de 54 mil moradores de 27 capitais de estados brasileiros, que visava descrever o acesso a exames de diagnóstico e prevenção de DCNT entre beneficiários de planos de saúde. Os resultados apontaram que os homens cobertos por planos tem maior probabilidade de diagnóstico de dislipidemia (elevação das taxas de lipídeos no sangue) e as mulheres de realização de mamografia e de citologia oncótica (mais conhecido como Papanicolau).
A cobertura por planos de saúde também tende a ser maior com a idade (chega a 51,2% em maiores de 60 anos) e cresce em quase três vezes com o aumento da escolaridade, passando de 27,1% entre aqueles que estudaram até oito anos para 80,7% naqueles com 12 ou mais anos de estudos
"Esta pesquisa vem agregar dados sobre usuários de planos de saúde, população pouco estudada, dada a dificuldade de obtenção de informações", comentam os pesquisadores em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. "Os resultados são essenciais para estabelecer medidas de promoção e prevenção e subsídios para elaboração de programas de saúde". Segundo os estudiosos, 41,8% dos consultados possuem plano de saúde, sendo as capitais do Sudeste e do Sul as que apresentam mais beneficiários e as do Norte e Nordeste menos. A cobertura também tende a ser maior com a idade (chega a 51,2% em maiores de 60 anos) e cresce em quase três vezes com o aumento da escolaridade, passando de 27,1% entre aqueles que estudaram até oito anos para 80,7% naqueles com 12 ou mais anos de estudos.
"Na avaliação de realização de exames preventivos em mulheres cobertas por planos de saúde, a cobertura de mamografia, pelo menos uma vez nos últimos dois anos, entre aquelas com 50 a 69 anos de idade, foi de 83,6%, e de citologia oncológica, pelo menos uma vez nos últimos três anos entre aquelas com 25 a 59 anos de idade, atingiu 88,7%", afirmam os pesquisadores. "Quanto ao diagnóstico médico prévio autoreferido de hipertensão arterial, dislipidemia, osteoporose e asma, as mulheres apresentam maior frequência do que os homens. No que se refere à avaliação do estado de saúde como ruim, as mulheres também apresentam maior frequência".
No que se refere a comparações com mulheres que não possuem planos de saúde, as coberturas de mamografia e de citologia oncótica foram maiores entre as que possuem e, quanto à autoreferência de diagnóstico médico de doenças, apenas o de dislipidemia foi relatado entre as beneficiárias de planos. "As demais doenças apresentaram frequências semelhantes, assim como a referência a saúde ruim", dizem os estudiosos. Além disso, eles acrescentam que, no caso dos homens, beneficiários de planos de saúde apresentam maior probabilidade de diagnóstico de dislipidemia, não havendo diferenças para as demais variáveis".
"O rastreamento de exames preventivos é um indicador da qualidade de oferta dos cuidados de saúde oferecidos tanto pelo setor público como por planos de saúde, tornando-se importante monitorá-los como forma de avaliação de desempenho dos serviços", destacam os pesquisadores. "O presente estudo pode subestimar as prevalências de diagnósticos autoreferidos (hipertensão, diabetes, osteoporose, dislipidemia, asma e outros), pois a pesquisa reflete diagnósticos médicos prévios e, portanto, a oferta de serviços".
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