REUTERS
MANILA/WASHINGTON (Reuters) - O mau uso de antibióticos vem minando o combate mundial contra doenças infecciosas, como a tuberculose e a malária, e pode levar ao retorno dos dias que antecederam ao desenvolvimento dos medicamentos, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira.
No ano passado foram registrados em quase 60 países cerca de 440 mil novos casos de tuberculose resistente a diferentes tipos de medicamentos, de acordo com a agência.
"Ao mesmo tempo, outras doenças antigas estão em alta, e com o risco de não ter cura", disse o diretor regional da OMS para o Pacífico Ocidental, Shin Young-soo.
Shin convocou os 193 países membros da OMS a comprometer recursos e adotar políticas de combate ao crescente problema da resistência aos remédios.
"A resistência antimicrobiana é uma preocupação mundial não somente por que mata, mas também por aumentar os custos da saúde e ameaçar os cuidados com os pacientes."
Um gene que torna bactérias resistentes a quase todos os antibióticos conhecidos, ou "superbacterias", foi encontrado na bactéria nos suprimentos de água em Nova Délhi. O gene chamado NDM 1, surgiu primeiro na Índia há três anos e se espalhou pelo mundo. Ele também foi encontrado em bacilos da cólera e da disenteria.
O MRSA, estafilococo áureo resistente à meticilina, é uma superbactéria que, segundo estimativas, sozinha mata 19 mil pessoas a cada ano nos Estados Unidos - muito mais do que o HIV e a Aids.
A OMS aproveitou o Dia Mundial da Saúde, nesta quinta-feira, para lançar sua política intitulada "Vamos combater a resistência aos remédios. Se não atuarmos hoje, não teremos uma cura amanhã."
Nos EUA, a FDA (Administração de Drogas e Alimentos), órgão regulador nacional do setor da saúde, afirmou que vai baixar alguns processos de aprovação de medicamentos para combater o crescente problema das doenças resistentes a antibióticos.
A responsável pela FDA, Margaret Hamburg, defendeu o desenvolvimento de novas vacinas que possam reduzir a necessidade de mais antibióticos.
Há também a necessidade de testes rápidos para diagnóstico, que possam detector a natureza das infecções, a necessidade de antibióticos específicos e o padrão futuro de resistência aos antibióticos, disse ela.
De acordo com a Sociedade de Doenças Infecciosas dos EUA, as companhias GlaxoSmithKline Plc e AstraZeneca Plc são os dois únicos laboratórios fabricantes de medicamentos com forte presença em pesquisa e desenvolvimento de antibióticos.
Cientistas do órgão regulador da saúde nos EUA estão estudando áreas específicas como complicações por infecções no trato urinário e graves infecções bacterianas para orientar a indústria sobre como realizar novas pesquisas de drogas, disse Hamburg. O órgão espera concluir esse trabalho até o início de 2012.
(Reportagem de Manuel Mogato em Manila e Esha Dey em Washington)
Nenhum comentário:
Postar um comentário