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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Incor faz centésimo transplante de coração em crianças

Além de a cirurgia ser mais delicada, a disponibilidade de órgãos para crianças é muito menor

Clarissa Thomé / RIO - O Estado de S.Paulo

O Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas alcançou no fim de semana passado a simbólica marca do centésimo transplante cardíaco pediátrico realizado pela instituição. O paciente é o carioca Lucas Coelho da Costa, de 12 anos, que sofre de insuficiência cardíaca provocada por uma doença genética, a cardiomiopatia restritiva, que enrijece o músculo e impede que o sangue seja bombeado para o corpo em quantidade suficiente.

"É um momento histórico, porque o programa de transplante cardíaco infantil do Incor completa 20 anos e porque sabemos da dificuldade de fazer transplante em crianças", diz a professora Estela Azeka, cardiologista da Unidade Clínica de Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas do Adulto, que acompanhou todos os transplantados.

Doação. Rodrigo Marques recebeu um novo coração aos 4   JB Neto/AE


Além de a cirurgia em criança ser mais delicada, outra dificuldade é conseguir doador. Levantamento do qual Estela participou, entre 1996 e 1997, mostrou que para cada mil potenciais doadores adultos havia apenas cem infantis. A proporção desigual se manteve na década seguinte (1997-2007) - 150 crianças para mais de mil potenciais doadores adultos. O índice de recusa da família está em cerca de 30%. "É preciso uma campanha de conscientização."

Lucas, que sonha em ser ator, tem 1,57 metro e pôde receber o coração de um adulto. Ele respira sem auxílio de aparelhos e está lúcido e comunicativo.

Agradecimento. Mas Rodrigo de Melo Marques tinha apenas 4 anos quando passou por um transplante, em 2007, também por cardiomiopatia restritiva. "A doadora foi uma menina de 5 anos, que se engasgou com uma uva. Fizemos questão de agradecer pessoalmente aos pais dela por tanta generosidade", conta o eletricista Alexandre Marques, de 41 anos. Fanático por futebol e pelo São Paulo, Rodrigo nem de longe lembra o menino que passou sete meses na UTI, à espera de doador. Já os pais de Felipe Watanabe atravessaram o mundo para que o filho, então com 2 anos, fosse salvo por um transplante no Incor. A família havia se mudado para o Japão, mas a legislação daquele país não permite a doação de órgãos por pessoas com menos de 16 anos.

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