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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Tingir o cabelo na gravidez aumenta risco de câncer em bebês

Usar tinturas ou alisadores de cabelo durante os três primeiros meses de gravidez dobra o risco de o bebê desenvolver leucemia
 
 
Tingir o cabelo pode prejudicar o bebê e leva-lo ao câncer


O uso desses produtos aumenta em quase duas vezes o risco de o bebê desenvolver leucemia nos primeiros dois anos de vida. Embora seja considerada uma doença rara, a leucemia atinge cerca de 5% das crianças nessa idade.

A conclusão é do primeiro estudo epidemiológico brasileiro que investigou o tema. O trabalho foi realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) por mais de dez anos. Ao menos por enquanto, os dados sugerem que as mulheres não devem pintar os cabelos durante a gravidez.

O trabalho foi realizado em 15 centros de todas as regiões do País, exceto a Norte. Foram analisadas 650 mães: 231 com filhos diagnosticados com leucemia antes de 2 anos de idade e 419 mães controle sem filhos com câncer.

Segundo o biólogo da ENSP Arnaldo Couto, autor do estudo, das 231 mulheres cujos filhos tiveram leucemia, 35 (ou 15,2%) usaram produtos químicos no cabelo no primeiro trimestre da gravidez. Entre as 419 mães controle, 41 (ou 9,8%) utilizaram tinturas no mesmo período.

 
“O estudo mostrou que a doença não se manifestou ao acaso. Há uma associação significativa entre a exposição a tinturas e alisantes com o desenvolvimento de leucemia”, diz Couto.

Maria do Socorro Pombo-de-Oliveira, chefe do Programa de Hematologia e Oncologia Pediátrica do Inca, que coordena o estudo, confirma a importância do achado e afirma ter ficado surpresa com os resultados. “É a primeira vez que um trabalho olha para essa direção. Mas, como se trata de uma doença rara, o número de casos precisa ser confirmado em análises experimentais posteriores”, diz ela.

Orientação varia de acordo com médico

Não existe uma recomendação formal que proíba as mulheres grávidas de usar produtos para tingir ou alisar os cabelos durante a gravidez. O que há é uma cautela geral - por parte dos médicos e das próprias gestantes -, exatamente por causa da falta de estudos que apontem os riscos do uso desses produtos.

Segundo o ginecologista Antônio Moron, da Unifesp, hoje em dia existe uma tolerância maior ao uso desses produtos teoricamente mais modernos e menos perigosos. De acordo com ele, os médicos costumam liberar o uso a partir do quarto mês de gestação. "A gente libera a henna por ser um produto natural", afirma.

Mesmo assim, ele considera os resultados do estudo importantes para fazer um alerta. "Embora preliminares, os dados apontam uma associação significativa. No mínimo, a partir de agora vamos ter mais cautela."

Para o hematologista Vanderson Rocha, do Hospital Sírio-Libanês, vários estudos tentam descobrir as causas da leucemia nos primeiros anos de vida, mas esse é o primeiro a fazer uma associação direta.

"O fato de a pesquisa ser retrospectiva - ou seja, a doença tem de se manifestar para depois ser pesquisada - é um fator limitante do trabalho. Ainda é um primeiro estudo, mas ele abre portas para outros", diz.

Para Rocha, uma próxima etapa seria avaliar qual o componente químico leva ao câncer e de que maneira ele atua. "Enquanto isso não acontece, toda gestante deve evitar ter contato com produtos químicos", diz.

A médica Maria do Socorro Pombo-de-Oliveira reforça que nenhuma química deve ser usada nos cabelos em nenhuma fase da gravidez, nem mesmo a henna. "A substância da henna atua em uma enzima importante no desenvolvimento das leucemias. Então, mesmo sendo natural, ela pode interagir e trazer riscos para o bebê do mesmo jeito."

Celso Junior, diretor da Associação Brasileira de Cosmetologia, também concorda que não é aconselhável tingir os cabelos na gravidez. "Podem ocorrer reações alérgicas e, além disso, é muito difícil estabelecer níveis de riscos para cada momento da gestação". 

Fonte IG

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