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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Internação prolongada atinge maioria dos idosos

Nos hospitais do SUS do Rio, 16,5% das pessoas com mais de 60 anos acabam hospitalizadas por mais de 2 anos

No Rio, mais da metade dos idosos que chegam a hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) na modalidade de cuidados prolongados ficam mais de seis meses internados. Em 16,5% dos casos, o período ultrapassa dois anos. A longa internação caracteriza o que especialistas chamam de institucionalização hospitalar, quando o local de moradia passa a ser a instituição de saúde.

Fabio Motta/AE
Fabio Motta/AE
Dependente. Rita Medeiros está há 10 anos em casa de saúde

Foram analisadas 4.575 guias de internação de cuidados prolongados emitidas para pacientes com mais de 60 anos entre 2001 e 2007. No período, só 20% receberam alta. Chama a atenção o fato de 35,3% terem morrido durante a internação. Seguiam internados 35,7% dos pacientes - 9% foram transferidos.

O levantamento, coordenado pela demógrafa Dalia Romero, do Centro de Informação Científica e Tecnológica da Fundação Oswaldo Cruz, foi publicado no livro Cuidados para a População Idosa: de Quem é a Responsabilidade?, editado no ano passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Para a coordenadora de População e Cidadania do Ipea, Ana Amélia Camarano, organizadora do livro, é urgente que se defina uma política de cuidados de longa duração para idosos. A pesquisa mostra que 20% dos pacientes com mais de 60 anos internados por cuidados prolongados estão nos hospitais por "motivo sociofamiliar". "Esse idoso está em risco. Ele não faz atividades, não tem um papel social. Ele fica ali esperando a morte", diz.

No Rio, a internação por cuidados prolongados de pacientes entre 60 e 64 anos é quatro vezes maior que a média nacional. As hipóteses apontadas são de que isso ocorre porque há menor disponibilidade desse serviço em outras regiões, atenção básica (postos de saúde e Programa de Saúde da Família) insuficiente no Estado e taxa menor de fecundidade - famílias reduzidas têm menor rede de apoio a idosos.

"É preciso ter aumento da oferta de leitos em instituições de longa permanência para idosos (nome técnico dos abrigos). Um leito nessa instituição custa quase a metade do preço de um leito hospitalar e o idoso tem um atendimento mais adequado", diz Ana Amélia. Ela defende a criação de um programa de apoio para o familiar cuidador, com remuneração, inserção no INSS e até mesmo folgas. "É preciso lembrar que ele passa 24 horas por dia, sete dias por semana, em função do seu familiar".

Longa internação. Faz dois anos e três meses que Arlete Aurelino da Silva, de 63 anos, está internada. Ela trabalhava como acompanhante quando sofreu um acidente vascular cerebral, que lhe tirou o movimento das pernas e dificulta a fala.

Arlete poderia ter recebido alta depois dos primeiros três meses de internação. Mas precisaria de acompanhante durante todo o dia, além de tratamento de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia.

Ela, então, foi transferida para a Casa de Saúde Jacarepaguá, especializada na modalidade cuidados prolongados - internação que se estende por mais de 45 dias para pacientes crônicos, portadores de múltiplos agravos à saúde, que precisam de assistência contínua. "Preciso de ajuda para tudo. Meu marido trabalha, não pode ficar o dia inteiro cuidando de mim." Ela não tem a menor expectativa de alta.
Fonte Estadão

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