Pela técnica de Chevron, pacientes ganham cortes pequenos e caminham com a ajuda de calçado especial logo após a cirurgia
Tormento para muitas mulheres – e até alguns homens – o joanete só pode ser curado por meio de cirurgias. Conhecida cientificamente como hallux valgus, a deformidade ocorre na articulação entre o dedão e o restante do pé (falange-metatarso), aumenta o volume e provoca muita dor na região. A sensação é que o osso lateral salta do pé.
Apesar de ser um problema estético para muitas mulheres, a intervenção cirúrgica, única possibilidade de cura, só é indicada para quem sente dores no local. O uso de sapatos mais largos e protetores especiais apenas alivia a pressão, mas não cura.
Justamente a cura para o problema traumatizou inúmeros pacientes. Anos atrás, os métodos utilizados para correção da deformidade exigiam meses de recuperação (com gesso e pé levantado boa parte do tempo), paciência para encarar muitas dores e a convivência com riscos de infecções pré-operatórias. As histórias de quem passou pela cirurgia ainda contavam, muitas vezes, com a reincidência do joanete, o que desestimulava os que precisavam encarar a operação.
A boa notícia é que, cada vez mais, novas técnicas surgem para minimizar os efeitos pós-operatórios. Cada caso pode receber uma indicação de cirurgia diferente, mas já é possível operar sem traumas. “É preciso tomar cuidado com o alarde de técnicas minimamente invasivas, que são recentes e ainda não apresentam resultados eficientes”, ressalta Ricardo Cardenuto Ferreira, chefe do Grupo de Cirurgia do Pé e Tornozelo da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. “As escolhas têm de ser feitas com base na gravidade do caso.”
O método de Chevron é apontado pelos especialistas como uma boa solução para lesões leves ou graves. A recuperação nesse tipo de cirurgia não leva mais do que dois meses para se completar. Luciano Storch Keiserman, ortopedista especialista em tornozelo e pé, conta que a incisão feita no local é pequena (5 cm) e o procedimento de correção não dura mais do que 40 minutos em cada pé.
“É importante lembrar que o osso que precisa ser corrigido nesse caso não cresce. Ele apenas se desloca. O que fazemos é alinhá-lo”, explica. Para segurá-lo no lugar, são colocados dois mini parafusos metálicos ou absorvíveis, de 2 mm de diâmetro cada. Keiserman acredita que os metálicos dão mais firmeza ao processo e por isso prefere utilizá-los. “O paciente não sente nenhuma reação com eles”, garante.
O pós-operatório
Pela técnica de Chevron, o paciente só recebe uma anestesia local e fica internado apenas 24 horas. No segundo dia após a operação, já é possível pisar no chão, utilizando um calçado especial, a sandália de Barouk. Semelhante a uma botinha, ela não permite que o recém-operado toque o solo com a parte operada ou dobre os dedos. O apoio é feito apenas com o calcanhar.
O paciente deverá passar seis semanas com o calçado e, em casos mais graves, o tempo de uso recomendado é de dez semanas. “A estabilidade é bem grande e a recuperação, rápida”, garante Keiserman.
As causas
Os sapatos de saltos altos e de bicos finos são considerados os verdadeiros vilões das mulheres que possuem joanetes. De acordo com Ferreira, o uso de calçados inadequados é responsável por 90% dos casos do problema. A predisposição genética também contribui, mas pouco, segundo o especialista.
“Os saltos altos, de bicos finos, estreitam os dedos e provocam efeitos cumulativos. Por isso, o grande segredo é se prevenir. Uma vez que o joanete se desenvolve não existe tratamento eficaz para corrigi-lo que não seja a cirurgia. Os dispositivos servem para acomodar melhor os dedos e evitar a dor”, ressalta Ricardo Ferreira.
Fonte IG
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