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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Má alimentação faz homens do Norte e Nordeste terem mais câncer de estômago

Tumor está relacionado a água contaminada e comida sem refrigeração

O câncer de estômago é o segundo tumor mais frequente entre os homens que vivem nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Proporcionalmente, essa incidência é maior do que nas demais regiões do país, nas quais o mesmo tumor ocupa a quarta posição entre seus habitantes do sexo masculino.
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As informações fazem parte da publicação Estimativa 2012 – Incidência de Câncer no Brasil, do Inca (Instituto Nacional do Câncer), divulgada nesta quinta-feira (24). Para o ano de 2012, o Inca estima que 520 mil casos novos de câncer surjam em todo o país.

Em 2012, estima-se que 20.090 pessoas devam ser acometidas pela doença em todo o país, destas a grande maioria de homens (12. 670) e o restante de mulheres (7.420). Em todo o Brasil, o número de casos caiu em relação ao ano passado, assim como sua prevalência em homens. Em dados do Inca de 2010/2011, a previsão era de que 21.500 casos, sendo, a época, o terceiro tipo de tumor mais comum nos homens.

Na população masculina brasileira, a doença fica atrás apenas do câncer de próstata (62,54 por 100 mil/hab.), traqueia, brônquio e pulmão (17,90 por 100 mil/ hab.) e cólon e reto (14, 75 por 100 mil/ hab.).

Já nas regiões Norte (10,67 por 100 mil/hab.) e no Nordeste, (8,99 por 100 mil/hab.), a ocorrência de câncer de estômago chega à segunda colocação entre os homens por diferentes motivos, em geral socioeconômicos, segundo especialistas consultados pelo R7.

Coeficientes de Incidência estimados para 2012* para os tipos de câncer mais frequentes  (exceto pele não melanoma) em homens, Brasil e regiões geográficas
BrasilRegião
Norte
Região NordesteRegião
Centro-Oeste
Região
Sudeste
Região
Sul
Próstata (62,54)Próstata (29,72)Próstata (43,08)Próstata (74,65)Próstata (77,89)Próstata (68,36)
Traqueia, Brônquio e Pulmão (17,90)Estômago (10,67)Estômago
(8,99)
Traqueia, Brônquio e Pulmão (16,64)Cólon e Reto (22,12)Traqueia, Brônquio e Pulmão (37,02)
Cólon e reto (14,75)Traqueia, Brônquio e Pulmão (8,11)Traqueia, Brônquio e Pulmão (8,52)Cólon e Reto (14,30)Traqueia, Brônquio e Pulmão (19,73)Cólon e Reto (18,07)
Estômago (13,20)Cólon e Reto (3,99)Cavidade Oral (6,15)Estômago (13,84)Estômago (15,52)Estômago (15,72)
Cavidade Oral (10,41)Leucemias (3,54)Cólon e Reto (5,31)Cavidade Oral (8,58)Cavidade Oral (14,61)Esôfago
(15,27)
Fonte: *por 100 mil habitantes
MS/INCA/ Estimativa de Câncer no Brasil, 2011/ MS/INCA/Conprev/Divisão de Informação e Análise de Situação

Bactéria e falta de saneamento são fatores de risco
O câncer de estômago tem como base a infecção pela bactéria Helicobacter pylori (a mesma da gastrite), facilmente encontrada em água contaminada e em alimentos sem refrigeração adequada.

Outro fator que contribui para o surgimento desse tipo de câncer é uma alimentação com alto consumo de alimentos industrializados, defumados, com corantes e conservados em sal, a exemplo da carne seca e de outros alimentos curtidos muito disseminados nessas regiões, explica o oncologista Felipe José Fernandez Coimbra, diretor do núcleo de cirurgia abdominal do hospital A. C. Camargo, em São Paulo.

- Sabe-se que o câncer de estômago está muito ligado a costumes alimentares das regiões e sua incidência é maior nos países em desenvolvimento do que nos desenvolvidos. Está ligado ao baixo consumo de frutas, alta ingestão de carne vermelha e de alimentos em conserva que liberam uma substância cancerígena chamada nitrosamina.

De acordo com Luiz Porto Pinheiro, presidente do Comitê Estadual de Controle do Câncer do Ceará, a falta de saneamento básico e mesmo de geladeira em muitas casas do Estado contribui para aumentar o risco de adquirir a bactéria.

- Provavelmente os mecanismos de contaminação são mais comuns no Norte e Nordeste porque somos a área do Brasil com menos saneamento básico.

Pinheiro dá como exemplo um trabalho realizado na Rússia onde o eletrodoméstico foi doado pelo governo para diminuir os casos da doença. O alimento congelado protege contra a contaminação pela bactéria.

"Essa realidade faz com que a doença seja mais comum nas cidades interioranas do que nas capitais e mais mortal do que o câncer de próstata, o campeão de incidência entre os homens no Ceará e nos demais Estados nordestinos", diz Pinheiro.

No Pará, Estado com maior prevalência de casos de câncer de estômago da região Norte, médicos estão indo às escolas municipais para alertar à população sobre os riscos, afirma o oncologista Antenor Madeira, coordenador da Rede Paraense de Controle de Câncer.

- A falta de uma alimentação adequada, sem frutas e verduras, é o fator principal, sem considerar fatores genéticos, o que acomete principalmente as regiões mais pobres.


Mulheres sofrem com outros fatores de risco

Já entre as mulheres, o câncer de estômago é o sexto mais frequente no Nordeste e o quinto na região Norte, pelos dados do Inca. A causa dessa diferença, no entanto, não é consenso entre os especialistas.

De acordo com Pinheiro, a mulher nordestina está mais em contato com fatores de risco que causam outros tipos de câncer, como o de colo do útero e de mama, mexendo nos números da "balança".

- Há que se considerar aí um aspecto socioeconômico. O segundo lugar na mulher é o câncer de colo de útero, que está associado a menos higiene, mais pobreza e pela contaminação pelo HPV.

Já para o oncologista do A. C. Camargo, o fator genético pode levar os homens a serem mais suscetíveis à doença.

- Acredita-se que essa diferença se dê por uma questão de gênero, porque a incidência é de duas a três vezes maior entre os homens em todo o mundo.

Já foi constatado mundialmente que a pobreza em si é fator de risco da doença.

De acordo com o levantamento, a região Norte lidera com 11 casos por 100 mil habitantes, seguido por Nordeste com 9 casos para cada 100 mil, 16 casos na região Sul, 15 no Sudeste e 14 no Centro-Oeste.

Como se prevenir?

Comer mais frutas e verduras, higienizar os alimentos e evitar enlatados, além de fazer exames periódicos, podem ajudar na prevenção e na descoberta precoce de um tumor no estômago, explica o oncologista.

Segundo ele, a doença tem um caráter letal no Brasil porque geralmente é descoberta em estágio muito avançado.

- Só 10% a 15% [dos pacientes] chegam ao especialista para tratar o tumor precoce no Brasil. Enquanto no Japão e na Coreia, países com os maiores índices da doença no mundo, cerca de 60% chegam na fase inicial.

A doença é descoberta por meio da endoscopia digestiva alta, geralmente realizada quando há desconforto abdominal intenso e queixas de gastrite e úlcera, sintomas que, costumam mascarar a doença.

Dado o diagnóstico, se faz a cirurgia para retirar o tumor e quimioterapia como procedimento padrão, explica Coimbra.

Estimativa do número de casos novos, segundo sexo, Brasil, 2012

Localização PrimáriaCasos novos%
Próstata60.18030,8
Traqueia, Brônquio e Pulmão17.2108,8
Cólon e Reto14.1807,3
Estômago12.6706,5
Cavidade Oral9.9905,1
Esôfago7.7704
Bexiga6.2103,2
Laringe6.1103,1
Linfoma não Hodgkin5.1902,7
Sistema Nervoso Central4.8202,5
Leucemias4.5702,3
Pele Melanoma3.1701,6
Outras Localizações43.12022,1
Todas as Neoplasias sem pele* 195.190
Todas as Neoplasias257.870
Localização PrimáriaCasos novos%
Mama feminina52.68027,9
Colo do útero17.5409,3
Cólon e Reto15.9608,4
Glândula Tireoide 10.5905,6
Traqueia, Brônquio e Pulmão10.1105,3
Estômago7.4203,9
Ovário6.1903,3
Corpo do útero4.5202,4
Linfoma não Hodgkin 4.4502,4
Sistema Nervoso Central4.4502,4
Cavidade Oral4.1802,2
Leucemias3.9402,1
Pele Melanoma3.0601,6
Bexiga2.6901,4
Esôfago2.6501,4
Outras Localizações38.72020,5
Todas as Neoplasias sem pele* 189.150
Todas as Neoplasias260.640

*Todas as neoplasias, exceto pele não melanona
MS/INCA/ Estimativa de Câncer no Brasil, 2011/MS/INCA/Conprev/Divisão de Informação e Análise de Situação



Fonte R7

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