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domingo, 22 de janeiro de 2012

Cigarro eletrônico afeta as vias aéreas

Cigarro eletrônico: proibido no Brasil, ele não é
considerado um tratamento eficaz para deixar de fumar
Estudo grego mostrou que o uso por apenas cinco minutos produz alterações imediatas nas vias aéreas dos usuários

Um recente estudo mostrou que os cigarros eletrônicos, comercializados como uma alternativa mais segura ao cigarro real, produzem alterações imediatas nas vias aéreas dos usuários.

Pesquisadores gregos constataram mudanças na função pulmonar de fumantes saudáveis que fumaram um cigarro eletrônico por apenas cinco minutos e relataram as descobertas no periódico científico Chest. A pesquisa não deixou claro quais os potenciais resultados do uso regular de cigarros eletrônicos em logo prazo.

Com a venda proibida no Brasil desde 2009, os cigarros eletrônicos, ou “e-cigarros” são dispositivos alimentados por bateria que permitem ao usuário inalar uma solução vaporizada de nicotina líquida, em vez da fumaça do tabaco. Eles foram concebidos como uma forma de obter uma dose de nicotina sem se expor, ou expor outras pessoas, às toxinas presentes na fumaça do tabaco.

Mas alguns cientistas, incluindo membros da agência americana que regula alimentos e medicamentos, a FDA, alertam que muitos questionamentos sobre segurança e eficácia desses produtos ainda pairam no ar.

“Esta é a primeira evidência de que apenas um uso (do e-cigarro) pode ter efeitos fisiológicos agudos no organismo”, disse o pesquisador Constantino Vardavas, do Centro para o Controle Global do Tabaco da Escola de Saúde Pública de Harvard.

Vardavas e colegas em Atenas pediram a 30 fumantes saudáveis para fazerem uso de um cigarro eletrônico para ver como isso afetava suas vias aéreas. Os pesquisadores descobriram que depois de cinco minutos, os usuários mostraram sinais de inflamação e constrição das vias aéreas – isso foi medido em vários tipos de testes de respiração.

Não se sabe se essa resposta a curto prazo poderia se traduzir em efeitos sobre a saúde no longo prazo, incluindo doenças pulmonares como enfisema.

“É preciso fazer mais estudos” disse Vardavas à Reuters Health. Mas, observou ele, se oo produto desencadeia efeitos nas vias aéreas após apenas alguns minutos, isso certamente levanta preocupações sobre o uso repetido dos produtos ao longo dos anos.

“Há alegações de que os e-cigarros não têm efeitos nocivos sobre a saúde, mas isso não é correto”.

Um porta-voz da indústria defende os produtos. “Este é um produto que elimina o fumo passivo e o fumo de terceira mão” diz Ray Story, CEO da Associação Fabricantes de Cigarros Eletrônicos a Vapor. Fumo de terceira mão refere-se a partículas tóxicas que permanecem nas roupas dos fumantes e em móveis e outras superfícies expostas à fumaça do cigarro.

“Já sabemos que os e-cigarros são muito mais seguros do que o cigarro convencional, porque você não está queimando o produto e com isso não tem os cinco ou seis mil ingredientes presentes no tabaco, na sua maioria produtos químicos perigosos.”

Story argumenta que os e-cigarros contêm apenas cinco ingredientes principais: nicotina, água, propilenoglicol, glicerol e aromatizantes. “Esses ingredientes são todos aprovados pela FDA”, diz.

A página da FDA, no entanto, diz que os “e-cigarros podem conter ingredientes cuja toxicidade para humanos ainda é desconhecida”. De fato, a FDA e a indústria de e-cigarro tiveram uma relação complicada.

Em 2010, a agência enviou avisos a cinco fabricantes de e-cigarros por comercializarem seus produtos ilegalmente como se fossem recursos para ajudar a parar de fumar. A FDA também tentou regulamentar e-cigarros como drogas – e, assim, bloquear sua importação para os EUA –, mas um tribunal americano decidiu que a FDA só poderia regular esses dispositivos como produtos de tabaco.

Para Vardavas, ainda não está claro porque os e-cigarros aumentaram constrição das vias aéreas no estudo conduzido por ele. No entanto, quando 10 dos participantes foram solicitados a fumar um dispositivo controle – sem o cartucho com os ingredientes do e-cigarro – os pesquisadores não observaram os mesmos efeitos nas vias aéreas.

O estudo foi parcialmente financiado pela Sociedade Grega do Câncer, na Grécia. Os pesquisadores relataram nenhum conflito de interesses financeiros.

É possível, de acordo com Vardavas, que, se as pessoas usavam e-cigarros como uma "ponte" temporária para parar de fumar, os efeitos de curto prazo dos produtos seriam compensados pelos benefícios sobre a saúde em longo prazo. Mas ninguém sabe se os e-cigarros realmente ajudam os fumantes largar o hábito.

“Se você está tentando parar, fique com os métodos que comprovadamente funcionam” aconselha o pesquisador.

Fonte iG

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