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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

"Prótese rasgada liberou 'tempestade de silicone' em meu corpo"

Leia o drama da mulher que está entre as 12,5 mil brasileiras que receberam próteses da empresa francesa PIP

"Era como se fosse uma tempestade de silicone no meu corpo, acompanhada de dor e febre durante meses e de muita incerteza". Foi assim que se sentiu a brasileira Jany Simon quando o implante de mama da marca francesa PIP rompeu em seu corpo.

Jany Simon, de 54 anos, gaúcha de São Gabriel, é uma das mais de 12.500 brasileiras que receberam próteses da empresa acusada de utilizar silicone de pior qualidade e cujo fundador, Jean-Claude Mas, foi detido nesta quinta-feira.

Ela contou que nos exames de rotina efetuados em março de 2005 foi constatado um carcinoma na mama esquerda e uma aglomeração de células do mesmo tipo na mama direita.

"Tiraram as duas mamas, e eu preferi colocar as próteses na mesma cirurgia. O mastologista, concordou, desde que eu colocasse o implante com que estava habituado. O meu plano de saúde pagava por um nacional, de valor menor, pelo que paguei a diferença".

"No entanto, em novembro de 2009 começaram a aparecer problemas, com o braço e o peito direito inchando. O mastologista pediu que ela retornasse a Porto Alegre e na ultrassonografia foi constatado o rompimento da prótese da mama direita".

A estilista e mãe de família não quis correr riscos e decidiu, simplesmente, retirar o implante. Mas foi aí que começou sua via-crúcis, para que o médico, a importadora e o fabricante fossem responsabilizados.

"Estava cada vez pior, com mais febre, e não podia trabalhar", desabafou.

 
O médico disse que era impossível, que isso não podia acontecer com essas próteses; mesmo se tivesse havido algum acidente, algum golpe, o gel não sairia da cápsula. Respondeu-me que não havia necessidade de pressa, que ele estava saindo de férias, voltaria em março e retiraria.

Em maio de 2010 consegui uma ordem da Justiça para a operação de retirada da prótese, uma cirurgia que durou cinco horas.

O cirurgião "ficou apavorado na época porque eu estava cheia de silicone solto, no tórax; os resultados da ressonância e os laudos falavam de uma tempestade de silicone. Estava cheia de gotinhas espalhadas pelo tórax".

Mas as complicações não acabaram. Depois de vários exames, que "foram um horror para mim e para minha família", foram localizados resíduos de silicone em nódulos na axila, pelo que ela precisaria fazer uma nova cirurgia.

(...) Logo depois, soube da resolução da Anvisa, mandei um e-mail contando a minha história e me deram o número de um protocolo e a recomendação de voltar a entrar em contato com o médico.

O escândalo se intensificou em dezembro, quando foi divulgado que essas próteses continham um aditivo perigoso e o governo francês recomendou sua remoção.

"Os fatos que conhecemos indicam que tanto a prótese francesa, quanto a holandesa, podem causar ruptura precoce, com possibilidade de reação inflamatória, pelo que a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomendou que as pacientes antecipassem a revisão, para comprovar ou não a integridade dos implantes", disse à AFP o presidente da entidade, José Horacio Aboudib, em recente entrevista.

Neste mês, a Anvisa ordenou ao serviço público encarregar-se das cirurgias das mulheres que precisarem.

O fundador da PIP, empresa que fechou as portas em 2010, foi detido nesta quinta-feira na França, como parte de uma investigação por "homicídio e ferimentos involuntárias" relacionados às próteses. Jany Simon entrou na Justiça contra a importadora.

"Mas não deixo de responsabilizar o governo brasileiro e o médico que me operou. Acho que todos deveriam responder pelo que estou passando eu, meu marido e meus filhos. Não há dinheiro que pague isso", assegurou, questionando "o fato de a agência responsável do governo ter deixado entrar a prótese no país sem a devida fiscalização".

Fonte Delas

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