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terça-feira, 13 de março de 2012

Suplemento estimulante para malhar é perigoso, dizem médicos


Suplementos: propaganda de boca a boca ignora os riscos à saúde
Eles prometem músculos rápidos e emagrecimento rápido, mas podem levar a problemas cardíacos e insuficiência renal

Vendidos como uma mistura inofensiva de compostos que prometem energia extra, emagrecimento rápido e músculos maiores, alguns suplementos alimentares podem representar sérios riscos à saúde.

Os mais recentes "milagres" propagandeados pelo boca a boca entre os frequentadores de academias atendem pelos nomes de Jack3d e Oxyelite Pro e similares.

“Esses ditos suplementos são absolutamente inúteis, não têm benefício nenhum. Muitas substâncias contidas são contraindicadas e podem fazer mal à saúde. Não existe nenhum remédio que queime gordura. E os tais energéticos são à base de cafeína, no máximo tiram o sono”, afirma Nabil Ghorayeb, cardiologista e médico do esporte do Hospital do Coração (HCor).

“Muitos estimulantes são primos da anfetamina e podem ter efeitos colaterais perigosos. É como se fosse uma injeção ruim de adrenalina”, explica o médico. Além disso, alerta, um estimulante pode ser o gatilho para um problema grave no coração como uma parada cardíaca.

“Existem vários casos de jovens, abaixo dos 20 anos, que dão entrada em hospitais com problemas no coração pelo uso dessas substâncias”, relata.

Em maio do ano passado, no Recife, Wilson Sampaio Junior, 18 anos, foi encontrado morto no banheiro de casa. Os pais do garoto culpam o suplemento Jack3d, que teria sido comprado por ele de um professor de educação física. A relação entre a morte do garoto e o uso do composto, no entanto, ainda não foi comprovada. Os pais alegam que Wilson era saudável, jogador de futebol, e que a única mudança em seu cotidiano havia sido o aumento na dosagem do suplemento.

Luis Fernando Leite de Barros, fisiologista do esporte do HCor, reforça o alerta: tomar esses compostos é um tiro no escuro.

“Existem pesquisas mostrando que 20% desses suplementos contêm elementos que não estão apontados no rótulo. Pode ser um hormônio, por exemplo. Você toma e não sabe o que está ingerindo”, alerta. Determinadas substâncias podem sobrecarregar o rim e o fígado, levando a complicações graves como insuficiência renal.

Efeitos colaterais
O administrador de empresas Bruno, de 27 anos, está “experimentando” o suplemento indicado por um amigo. Em um mês, diz que se sente mais disposto, que seus músculos cresceram rapidamente, mas reclama dos efeitos colaterais.

“Eu acordo cedo todo dia, saio do trabalho e vou direto para a academia. É cansativo. Percebi que tenho mais disposição para encarar o treino e que tenho tido uma resposta mais imediata do meu corpo, mas estou suando muito e fico um pouco zonzo de vez em quando”, relata.

“É uma ajuda para conquistar o corpo que eu quero. Quando estiver mais definido, eu pretendo parar aos poucos”, afirma.

O amigo que indicou o produto já toma há sete meses, o que dá ao rapaz uma falsa sensação de tranquilidade. “Ele toma faz tempo, não parou porque não quis. E nunca teve nada, só uns tremores e um pouco de enjoo, mas nada que não seja contornável”, acredita.

Para Ana, empresária de 32 anos que aposta no alegado efeito termogênico – que queimaria gordura rapidamente -, os resultados não estão sendo tão satisfatórios. Ela não está conseguindo perder peso de forma rápida, como era o objetivo.

“Pensei que ia secar em 10 ou 15 dias. Mas está levando um pouco mais de tempo. Sinto um formigamento nos pés, mas meu professor já disse que é normal”, conta ela, que pesa 60 kg e tem 1,72cm de altura.

Os dois frequentam academias diferentes em locais distintos de São Paulo, ele na zona sul e ela na zona oeste, e garantem que os suplementos fazem parte do cotidiano da malhação.

“Todo mundo sempre toma alguma coisa. Os ‘virgens’, que não usam nada, são raros”, diz Bruno. Ana faz coro. “As mulheres ficam loucas atrás de novidades para emagrecer. Mesmo se tiver que passar mal um pouquinho, vale a pena para conquistar um corpão”, acredita. Os efeitos colaterais mais comuns são vertigem, desmaios, sudorese, palidez, tontura, náuseas e até pressão alta.

Nenhum dos dois afirmou temer pela própria saúde, nem mesmo ao saber que a venda desses suplementos é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“É tão fácil de encontrar em sites e lojas de produtos para malhação que nunca imaginei que era proibido. Mas nos Estados Unidos pode, então não deve ter tanto problema”, diz Ana.

O cardiologista Nabil Ghorayeb contesta. “Já devia soar o alerta só de saber que é vendido clandestinamente no País. Aqui, esses produtos são frutos de contrabando. Nos EUA, o controle é diferente, a indicação é diferente. Lá, se algo dá errado, a empresa é responsabilizada, o produto é suspenso, e as pessoas podem ir para a cadeia por isso. Aqui isso não acontece”, expõe.

Outro efeito colateral importante e perigoso é o vício. Embora os especialistas afirmem que o a dependência química, como a que acontece com as drogas, é mais rara, chama a atenção o lado psicológico da questão.

“A pessoa começa a usar e acha que precisa de doses cada vez maiores para obter o efeito desejado, o que aumenta o risco de morte súbita”, exemplifica Mauro Dinato, médico do esporte e especialista em ortopedia.

Alimentação resolve
Os especialistas são unânimes em afirmar também que uma boa alimentação é capaz de fazer as vezes da suplementação, seja em busca de músculos mais definidos, no processo de emagrecimento ou ainda para ter mais energia durante o treino.

“Suplementação só é indicada para atletas de alta performance, esportistas de nível olímpico eventualmente precisam repor vitaminas. No entanto, para quem se exercita na academia, uma consulta com um bom nutricionista traz o mesmo resultado e sem riscos”, propõe Ghorayeb.

Dinoto aconselha a quem quer intensificar o treino ou ter mais disposição a procurar um médico do esporte ou um preparador físico sério.

“Não vá atrás de conversas de amigos, para qualquer alteração no corpo é preciso passar por uma série de avaliações clínicas para ver qual a condição de saúde da pessoa.”

Fonte iG

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