Apenas 3% dos fumantes conseguem parar de fumar por conta própria
Se você é fumante, tente ficar longe do cigarro pelas próximas 24 horas. Após as primeiras duas horas, não haverá mais nicotina circulando no seu sangue. Oito horas depois, o nível de oxigênio na corrente sanguínea estará normalizado. No dia seguinte, seus pulmões já funcionarão melhor.
O desafio é proposto pelo Dia Mundial sem Tabaco, fixado em 31 de maio pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de alertar para os males decorrentes do cigarro à saúde e à sociedade. A campanha nacional, coordenada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), tem como tema "Fumar: faz mal pra você, faz mal pro planeta", enfocando os danos causados ao longo da cadeia de produção do tabaco, como o uso agrotóxicos que agridem ecossistemas e fumicultores, desmatamento, trabalho adolescente e infantil. Mas os danos à saúde da população, como a dependência química à nicotina, o fumo passivo e, por consequência, o aumento do risco para o desenvolvimento de doenças crônicas ganham destaque nas ações pela passagem da data.
Na Capital, líder em número de fumantes no país conforme o último levantamento Vigitel, pesquisa do Ministério da Saúde feita por telefone para mapear o estilo de vida da população, profissionais estarão distribuindo material informativo e realizando exames preventivos, como o teste de nível de dependência da nicotina, das 10h às 13h, na Esquina Democrática. Postos de saúde da cidade também terão ações semelhantes ao longo do dia.
— O teste de dependência da nicotina é usado nos grupos de apoio como ferramenta para identificar se o paciente precisa de algum medicamento para ajudar a abandonar o vício — explica a pneumologista Elaine Ceccon, da Secretaria Municipal de Saúde.
Poucos conseguem parar por conta própria
Porto Alegre é a capital brasileira com mais fumantes: 24,6% dos homes e 20,9% das mulheres porto-alegrenses fumam — 10,7% do total de fumantes consome mais de 20 cigarros por dia. Para tentar mudar essa estatística, mais de 60 grupos de apoio a quem quer parar de fumar estão espalhados pela cidade.
Os grupos seguem a metodologia indicada pelo Inca, baseada na terapia cognitiva comportamental, e conta com suporte do Ministério da Saúde para a distribuição de fármacos, como gomas e adesivos de nicotina, e a bupropiona, remédio de uso oral. A prefeitura de Porto Alegre investe recursos próprios para reforçar os estoques do medicamento, de modo a garantir a continuidade do tratamento.
De acordo com a médica Irma Rossa, especialista em dependência química, somente 3% dos fumantes conseguem largar o hábito sozinhos.
— É preciso desvendar as razões que levam a pessoa ao vício e fazer com que elas se motivem a enfrentar o desafio — explica Irma, que coordena grupos de tabagismo na Casa Bem-estar, mantida pela Unimed Porto Alegre.
Com ajuda de adesivos de nicotina e reuniões semanais no grupo, Ary Bueno, 64 anos, fumante há 45, está há 25 dias sem fumar.
— Tenho enfisema pulmonar. Depois de várias internações resolvi procurar ajuda para tentar largar o cigarro mais uma vez — conta Ary, que já tentou parar sozinho outras vezes, mas sempre acabava se rendendo novamente ao vício.
O exemplo de Ary mantém a jovem Helenice Thomaz, 29 anos, fumante desde os 14, firme no propósito de parar de fumar.
— Ver os estragos do cigarro na vida das pessoas mais velhas e conversar sobre as dificuldades no grupo é muito importante para não ter uma recaída — comenta.
A pessoa que fuma fica dependente da nicotina, que é considerada uma droga. Por isso é tão difícil parar. Normalmente, a abstinência deixa o potencial ex-fumante ansioso, com dificuldade de concentração, irritado, com dores de cabeça. Tudo isso torna intensa a vontade de fumar. Beber água gelada, manter as mãos ocupadas e não ficar parado são algumas das recomendações para não fraquejar.
Efeitos do tabagismo em números
:: A produção do fumo reponde por 5% do total de florestas desmatadas nos países em desenvolvimento
:: Para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é queimada
:: A fumaça do cigarro contém mais de 4,7 mil substâncias tóxicas
:: Pontas de cigarro correspondem a até 50% de todo o lixo coletado em ruas e rodovias
:: 48% dos familiares dos agricultores de lavouras de fumo sofrem de problemas de saúde associados ao uso de substâncias químicas, como dores de cabeça persistentes e vômitos
:: 25% de todos os incêndios são provocados por pontas de cigarros acesas, tanto domésticos quanto em matas e florestas
:: Fumantes passivos têm risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão, 30% mais chance de sofrerem doenças cardíacas e 25% a 35% mais riscos de terem doenças coronarianas agudas
Fonte: Inca
Fonte Zero Hora
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