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sábado, 21 de julho de 2012

Saiba o impacto do excesso de açúcar no organismo e como diminuir o consumo

Pesquisadores das universidades norte-americanas comprovaram que o consumo sistemático de açúcar leva à compulsão e à síndrome de abstinência

Quindim, torta de limão, chocolate, merengue e brigadeiro. Se você salivou só ao ler essas palavras, tem grandes chances de fazer parte de uma legião de aficionados por doces. É o caso da estudante de engenharia ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mayara Correa Lima, 24 anos, que não se contenta apenas com as guloseimas prontas: gosta mesmo de uma colher de açúcar puro.

Pode parecer incomum, mas casos com o de Mayara estão espalhados não só pelo Brasil, como pelo mundo. Nos últimos anos, pesquisas têm apontado este carboidrato cristalizado comestível como um grande vilão da alimentação. O efeito de dependência que o açúcar provoca seria semelhante ao de outras drogas, como tabaco, álcool e cocaína. Até a forma de extração da natureza é parecida: o princípio ativo de uma planta é transformado em um pó fino e branco que vicia e dá energia.

Por não conter nenhum nutriente, o açúcar é rapidamente digerido pelo organismo e transformado em glicose, que libera energia para as células trabalharem. Se consumido em excesso, gera, portanto, uma quantidade desnecessária de combustível. É quando um sistema de regulagem entra em ação: o pâncreas produz insulina para regular a taxa de glicose no sangue. E a liberação deste hormônio além do necessário gera aumento de peso.

As explicações para o vício
O açúcar vicia porque interage no cérebro com neuropeptídeos, substâncias que levam a um sistema de dependência. O órgão central do sistema nervoso registra que este tipo de carboidrato é uma fonte rápida de energia e torna a requisitá-lo quando há falta de alimentos.

Cientistas já identificaram as áreas do cérebro ativadas pela ingestão de doces e descobriram que são as mesmas relacionadas ao vício em drogas, o que prova a real capacidade viciante do açúcar. Pesquisadores das universidades de Princeton e Minnesota, nos Estados Unidos, comprovaram que o consumo sistemático de açúcar leva à compulsão e à síndrome de abstinência.

O excesso de açúcar branco é considerado um destruidor da flora intestinal boa e, além disso, diminui a barreira protetora intestinal, explica a nutricionista e professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Gilberti Hübscher. Com isso, diminui a capacidade de gestão de quebra das moléculas dos alimentos, a capacidade de absorver os nutrientes e os mecanismos de imunidade do corpo.

Segundo a especialista, é preciso desmistificar a ideia de que o açúcar causa apenas diabetes ou obesidade, mas diversos outros problemas. A própria deficiência de nutrientes na célula é uma das causas que provoca o desejo por doce. A introdução de alimentos ricos em nutrientes que produzem o hormônio do prazer (serotonina) é importante. Entre eles, estão cereais integrais, carnes brancas, vegetais e peixes como sardinha, atum e salmão.

— O consumo diário deveria ser zero. Não precisamos de açúcar branco porque ele não tem valor nutricional, apenas valor energético, que podemos encontrar em outros alimentos — afirma Gilberti.
 
 
Luta diária para fugir da compulsão
Os efeitos causados pelo consumo exagerado de açúcar são conhecidos de perto pela estudante Mayara Lima: o pai é obeso e a família tem histórico de diabetes. Por isso, desde os 14 anos se consulta com um endocrinologista para alterar os hábitos alimentares. A colher de açúcar foi trocada pelo mel, mas ela confessa que eventualmente escorrega na dieta.

— Sempre tinha a sensação de que se eu não comesse um doce depois da refeição, nem tinha almoçado. Antes, ia ao bufê de sobremesas duas vezes. Agora, troco a sobremesa por uma gelatina diet ou por fruta. Mas é uma luta diária — afirma Mayara, que considera o fato de ter de almoçar diariamente em restaurantes um agravante na melhora da alimentação.

Acostumada a praticar esportes, a estudante encontrou no vício em açúcar um impedimento para seus planos: correr a Meia Maratona do Rio de Janeiro. O excesso desta substância freava a melhora do rendimento nos treinos. Entrou para um grupo de corridas, que se encontra semanalmente, desde o ano passado. Há duas semanas, a estudante atingiu a meta estabelecida: percorreu o trecho de 21 quilômetros em duas horas e 13 minutos.

A encarregada da sobremesa
Nos encontros de família ou com os amigos, uma parte da divisão de tarefas é de comum acordo: a sobremesa fica a cargo da tecnóloga em radiologia Raquel Machado Fernandes, 35 anos. A habilidade na cozinha se tornou uma obrigação para sanar o vício por doces — normalmente consome 100 gramas de chocolate por dia. Entre as guloseimas gastronômicas que está acostumada a fazer, estão bolos, tortas, pavês, pudim e brigadeiro de panela.

No verão, desconta a vontade de comer alimentos adocicados nos sorvetes. O freezer da casa tem sempre à disposição ao menos dois sabores, que são consumidos com coberturas.

Frequentadora assídua de cafeterias, Raquel tem um destino certo quando está no shopping: o espaço de restaurantes e lanchonetes.

— Eu não entro em uma praça de alimentação sem pegar um doce, mesmo que seja em horário de almoço. Quando vou servir a comida, levo a sobremesa junto. Não consigo separar o almoço da sobremesa. Para mim, eles formam uma dupla — justifica.

Ela lembra que, na adolescência, chegou a substituir as refeições por uma fatia de torta ou uma barra de chocolate. Apesar de não ter tendência a engordar, ela tem um histórico de diabetes na família materna, por isso realiza exames de saúde periódicos.

O único momento em que parou de consumir doces industrializados foi durante a gestação de Marina, hoje com quase dois anos. A sobremesa passou a ser banana com canela ou com raspas de chocolate. O vício por guloseimas, no entanto, Raquel não quer transferir para a filha. Evita ao máximo oferecer açúcares a ela, consciente dos riscos do hábito.

Traços da dependência
- Se você tenta diminuir a dose de açúcar e sente sintomas de abstinência, como dor de cabeça, desconforto, falta de motivação, cansaço, alteração do sono, inapetência (falta de vontade de comer) e hiperfagia (vontade de comer demais), há fortes indícios de que você é dependente do açúcar.

- Outro traço é que outras pessoas, como familiares e amigos, reclamem do consumo abusivo das guloseimas, afirma a psiquiatra Carla Bicca, especialista em dependências químicas e terapeuta cognitiva.

Fonte Zero Hora

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