Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



sábado, 11 de agosto de 2012

Instituto de Geriatria cria ambulatório específico para atender índios idosos

Indígenas vivem em média 30 anos menos que os demais brasileiros

índio brasileiro vive em média 45 anos, enquanto o brasileiro não indígena alcança, com saúde, 73 anos, conforme dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pensando nisso, o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) criou o primeiro Ambulatório do Envelhecimento Indígena, que funcionará no terceiro andar do Hospital São Lucas, em Porto Alegre.

— A expectativa é realizar um mapeamento completo da saúde do índio gaúcho e brasileiro, com o que chamamos de avaliação geriátrica global. Saberemos como vive o índio, o que ele come e como está a sua saúde. Eles não podem viver 30 anos menos que a média do brasileiro não índio e nada ser feito em relação a isso — diz o diretor do IGG, Newton Terra.

Os pacientes de todo o Rio Grande do Sul serão encaminhados via Sistema Único de Saúde (SUS) pelos postos de saúde dos seus municípios. Ao chegar no IGG, passarão por avaliações completas, envolvendo médicos geriatras, nutricionistas, educadores físicos, fonoaudiólogos e dentistas. Serão feitos exames laboratoriais como hemograma, glicose, colesterol, triglicerídeos, entre outros; de imagens, incluindo ecografias, mamografias, raio-X, tomografias, ressonâncias magnéticas e densitometrias ósseas; exames de traçados, como ergometria e eletrocardiograma de repouso e testes, como miniexame do estado mental, atividades instrumentais e básicas da vida diária, escala de depressão geriátrica, audiometria e espirometria.

A meta é examinar pelo menos quatro indígenas por mês no ambulatório do IGG. Se necessário, a equipe do Instituto também poderá ir até as aldeias. Inicialmente, serão atendidos índios com 60 anos ou mais. O plano futuro é acompanhar essa população a partir dos 20 anos.

Fontes de longevidade
Uma equipe da revista PUCRS Informação conversou com integrantes da tribo caingangue que reside na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. No local vivem 127 indígenas, 30 deles idosos. São 26 famílias em 17 casas construídas em 2003, numa parceria da Prefeitura com o governo espanhol. Na Escola de Ensino Fundamental Fág Nhinhy, estudam 70 crianças. Há lindas histórias de vida dos moradores e de índios idosos com muita saúde.

Kachú, de nome brasileiro João Carlos Kanheró, aos 94 anos, mas aparentando bem menos que isso, conta que o seu segredo para ser longevo é a felicidade, além do desejo de relatar aos filhos, netos e sobrinhos tudo o que aprendeu e viveu.

— A alegria entrou cedo no meu coração e na minha mente. Nunca me preocupei demais com a vida e soube enfrentar os desafios. Sempre me tratei com semente e fruta do mato, comi peixe, almeirão do mato, que é comida de índio, milho torrado na panela, feijão, fruta e verdura. Mas hoje isso mudou e o índio come azeite, que enfraquece o sangue. A carne já não é mais pura. O porco e a galinha são engordados com ração, cheios de porcaria. Nem a cachaça que o índio toma é pura, é veneno. Acho que o índio não pode perder a sua linguagem e a sua cultura. A sabedoria que tenho é interna, indígena, ensinada pela minha mãe e pelo meu pai — conta Kachú.

O vice-cacique da tribo, Felipe da Silva, 64 anos, lembra que, quando sua família se mudou para a Capital, doenças como depressão começaram a afetar as mulheres da tribo, inclusive a sua esposa, que precisou se tratar por dez anos com remédios.

Na escola, o cacique, filho de Silva, não permite que a comida seja feita com azeite, somente com banha de porco.

— Elas devem comer arroz, feijão, carne e massa. Gostam do bolo feito nas cinzas e de frutas — relata a professora Vera Lúcia Kanika.

Chocolates, doces e refrigerantes são proibidos no colégio e consumidos em datas especiais. A cultura indígena é trabalhada na disciplina de Valores, na qual os pequenos aprendem sobre as marcas clânicas (pinturas feitas nos corpos dos índios), festas dos kikis (ritual de culto aos mortos) e a língua caingangue.

Menos índios no RS
O Censo 2010 mostrou uma queda de 15,03% na população indígena no Rio Grande do Sul entre os anos de 2000 e 2010, o correspondente a 5.729 índios vivendo no Estado. No Brasil, houve aumento de 83.836 residentes, passando de 734.127 para 817.963 em dez anos. O Censo revelou que 80,5% dos municípios brasileiros registram pelo menos um indígena autodeclarado. No Estado, a maior parte (37,4%) se encontra na região Norte. As cidades que possuem mais moradores indígenas são Redentora (4.033), Porto Alegre (3.308), Tenente Portela (1.997) e Charrua (1.524).

Fonte Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário