Cuidados excessivos por parte dos pais podem resultar em uma geração de adolescentes crescendo com menos independência, menos habilidades para resolver problemas simples (de lavar a própria roupa a escolher cursos que contribuam com seu aprendizado na carreira) e aumentando as chances de estarem despreparados para uma vida adulta.
Até mesmo jovens adultos mostram grande dependência de seus pais. Mais de 60% dos jovens americanos, por exemplo, com 23 anos e 30% dos indivíduos com 25 anos continuam financeiramente dependente de seus pais, diz uma pesquisa americana.
“Podemos dizer que há um ‘paradoxo do cuidado excessivo’”, diz Joseph Allen, pesquisador da Universidade de Virginia, EUA. “Atualmente os pais parecem tentar manter seus filhos próximos pelo maior tempo possível, e o que acaba acontecendo é termos diversos indivíduos despreparados para a vida adulta.”
Allen diz que o problema ocorre quando os pais resolvem os problemas dos filhos minando suas habilidades de tomarem alguma atitude. E é cada vez mais comum pais que tentam proteger seus filhos de se frustarem ou se desapontarem, o que naturalmente lhes deixaria mais independentes.
“Os pais precisam ensinar seus filhos a fazerem as coisas por si próprios, para que estes desenvolvam competências e confiança nas próprias ações”, diz Allen. “Costumamos dizer que os pais deviam ter um alarme que soasse cada vez que eles fizessem algo que impedisse o aprendizado dos filhos.”
Mas isso também não depende somente das atitudes parentais. Os próprios adolescentes deviam fazer algo, não somente por si próprios, mas pelos outros. Se engajar em atividades que contribuissem com outras pessoas – como trabalhos voluntários ou caridade – e mesmo tentando se comprometer a participar das despesas da casa poderia ser algo positivo para uma vivência adulta.
“Da mesma forma que os pais fazem pelos filhos como se estivesse fazendo para si próprios, esses jovens deviam fazer algo por alguém, de uma forma comprometida. Isso contribuiria para a construção do caráter desses indivíduos”, diz Claudia Allen, outra autora do estudo.
Outra coisa é o fato de que os adolescentes têm que estar preparados para errarem, para falhar eventualmente, e ter responsabilidade pelos seus atos, completa Joseph. “Lidar com os próprios erros é o que separa adultos de adolescentes.”
Indivíduos jovens aprendem por experiência, e todo pai deveria permitir e encorajar os filhos a experimentar oportunidades que os preparem para a vida adulta. “Cuidar dos filhos, em parte, é justamente pedir que eles façam algo em troca desses cuidados e isso é a principal contribuição que um pai pode fazer para o futuro de um filho”, finaliza Joseph.
Fonte O que eu tenho
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