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sábado, 26 de janeiro de 2013

Cientistas vão reiniciar os estudos acerca da gripe aviária

Ron Fouchier: 'O risco de um artigo ser mal utilizado é muito pequeno'
Ron Fouchier: "O risco de um artigo ser mal utilizado é muito pequeno"
A suspensão, há um ano, ocorreu em protesto à recomendação americana de não divulgar os resultados para evitar o uso por bioterroristas
 
Apesar de invisível, o vírus H5N1, causador da gripe aviária, não só existe como vem se modificando ao longo dos anos para aumentar a capacidade de disseminação. A ameaça latente pode se tornar realidade e evoluir para uma pandemia, caso o micro-organismo pegue a comunidade científica de surpresa.
 
Os estudos sobre as mutações genéticas do H5N1, contudo, ficaram um ano parados devido a uma automoratória decretada por 40 pesquisadores de três continentes, nenhum deles do Brasil.
 
O alvo do protesto foi uma recomendação do Painel Científico Consultivo para Biossegurança Nacional dos EUA, que aconselhou a não divulgação dos estudos. A justificativa era de que bioterroristas poderiam usar as informações para criar armas químicas, mas os cientistas interpretaram o ato como uma espécie de censura. Agora, em uma publicação conjunta nas revistas Nature e Science, eles anunciaram que vão voltar com as investigações, exceto nos Estados Unidos.
 
A retomada das pesquisas é considerada fundamental porque o vírus da gripe aviária pode ser mais devastador que o H1N1, que causou um surto de gripe suína em 2009.
 
A variante manifesta-se em aves e, eventualmente, pode ser transmitida para humanos, com uma taxa de mortalidade que chega a 60%. Uma vez infectada, porém, a pessoa não transmite o vírus para outra, o que praticamente elimina o risco de epidemias. No caso de mutações, contudo, o quadro pode ficar diferente.
 
Já existem três cepas do H5N1 em circulação, sendo que uma delas é a combinação entre as duas primeiras. Um dos estudos que ajudou a levantar a polêmica mundial sobre a divulgação de dados constatou que bastam 10 mutações para que o vírus seja transmissível entre humanos e outros mamíferos.

Nos Estados Unidos, o governo não se manifestou oficialmente e os cientistas que investigam o H5N1 no país ou com financiamento americano continuarão de braços cruzados. Entre eles, Yoshihiro Kawaoka, um dos principais pesquisadores das mutações do vírus.
 
Ron Fouchier, do Centro Médico Erasmus, revelou que o instituto também recebia contribuições financeiras dos EUA. Mas os estudos serão retomados em breve na Holanda porque parte do dinheiro envolvido vem da União Europeia, que viu mais benefícios do que riscos nesse tipo de pesquisa.
 
Fouchier reiterou o que tem falado há um ano: “O risco de um artigo ser mal utilizado é muito, muito pequeno, se não inexistente. Até porque o resultado dos primeiros estudos já foi publicado e não existe qualquer informação de que esses artigos tenham alimentado pessoas que estavam mal-intencionadas quanto ao uso desse tipo de vírus”.
 
Fonte Correio Braziliense

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