Rio de Janeiro – O Conselho Federal de Medicina (CFM) permite que algumas
cirurgias plásticas sejam ambulatoriais, isto é, feitas nos próprios
consultórios médicos, desde que haja suporte para o caso de alguma
intercorrência, de modo a não oferecerem riscos aos pacientes. Essas cirurgias
prescindem da presença de um anestesiologista.
É o caso da retirada de um cisto de pele, da aplicação de botox ou da
infiltração de algum material para tratar cicatrizes elevadas, por exemplo,
informou a cirurgiã plástica Wanda Elizabeth Massiere y Correa. Ela é professora
e membro das Câmaras de Cirurgia Plástica do CFM e do Conselho Regional de
Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e coordena a Comissão de Silicone da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Em entrevista à Agência Brasil, Wanda explicou que, mesmo um
procedimento um pouco maior, chamado de porte 2, como a retirada de um tumor na
mão, pode continuar sendo feito no consultório, mas depende de autorização do
Cremerj. A fiscalização do conselho vai até o local e verifica se existe suporte
para atender a alguma anormalidade, como um mal-estar do paciente. “Tem que ter
os recursos para atendimento daquele paciente, além de outro profissional
qualificado.”
Uma pequena lipoaspiração, que requer anestesia local, precisa ser feita em
clínica de saúde. O mesmo ocorre com uma cirurgia para correção de pálpebras
(blefaroplastia). “Não é possível que seja feita em consultório, em nenhuma
hipótese, porque já é uma cirurgia de porte 3, que terá que ter um anestesista
junto com o cirurgião.”
Nesse caso, a clínica não precisa ter, “necessariamente”, um centro de
tratamento intensivo (CTI). “Porque um CTI que não funciona ou só funciona em
eventualidades é o pior CTI do mundo”, disse Wanda. Para ela, é melhor que esse
tipo de estabelecimento disponha de suporte a distância, porém conectado à
clínica, ou seja, uma ambulância disponível para dar os primeiros-socorros em
caso de necessidade, a fim de manter o paciente bem, ou para levá-lo ao CTI de
um hospital de grande porte.
De acordo com a médica, todas as cirurgias plásticas de grande porte devem
ser feitas somente em hospitais com unidades de tratamento intensivo em
funcionamento contínuo. Ela disse que, de cinco anos para cá, as clínicas estão
se qualificando para ter CTIs que deem todo suporte a seus pacientes. Devido ao
comprometimento natural da idade, que eleva o nível de risco, a cirurgia
plástica em pacientes idosos precisa ser feitas em hospitais maiores e dotados
de CTIs.
“O que norteia um bom profissional é ter consciência e não abrir mão disso,
porque os riscos estão aí. O critério é o bom senso”. Além disso, o cirurgião
plástico deve se manter sempre atualizado, participar de congressos, estar
atento aos novos medicamentos e não se manter “encastelado” na sua clínica,
ressaltou Wanda. Ela citou Ivo Pitanguy como um dos melhores profissionais
brasileiros, que se mantém atuante até hoje, com mais de 80 anos de idade.
Fonte Agência Brasil
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