Sódio em excesso é prejudicial à saúde |
"A mulher está mudando o perfil. Antes ela cuidava dos filhos e o marido ia
para o trabalho. Hoje não. A mulher ocupou um espaço na sociedade igual ao do
homem. Ela tem as mesmas posições. Está submetida às mesmas situações de
estresse e ainda tem dupla jornada. Além de trabalhar fora, ela chega em casa
faz as lições com as crianças, vai ao supermercado. Ela tem uma carga de
trabalho maior e ainda está fumando mais. Inclusive vem aumentando,
gradativamente, a mortalidade entre mulheres por doença cardiovascular", disse o
coordenador da campanha nacional contra a hipertensão da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC), Carlos Alberto Machado.
Ainda conforme a pesquisa, há diferença entre níveis de escolaridade.
Enquanto na faixa de mulheres com até oito anos de escolaridade 34,4% informaram
diagnóstico de hipertensão, entre as de nível superior foram 14,2%. "As mulheres
com menos escolaridade, em geral, têm menos informação e menos acesso aos
serviços de saúde para fazer o diagnóstico. Tenta marcar uma consulta na saúde
básica no posto de saúde perto da sua casa. Hoje uma das grandes lutas da
sociedade é qualificar a atenção básica e facilitar o acesso na rede primária
que é porta de entrada do sistema de saúde qualificado", informou.
O cardiologista alertou que os números podem ser maiores, porque a pesquisa é
feita por telefone fixo e nos horários em que as pessoas são encontradas em
casa. Agora, de acordo com ele, o questionamento deve ser ampliado porque a
pesquisa vai começar a ser feita também em celulares. "A gente acredita que os
números são subestimados e que o número real é maior do que os dados do Vigitel,
mas mesmo subestimados são muito altos. A gente precisa melhorar isso",
disse.
Pelos cálculos da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o Brasil tem,
atualmente, cerca de 32 milhões de hipertensos com mais de 20 anos de idade.
Segundo o coordenador, o grande problema é que a maioria dos hipertensos nem
sabe que tem a doença. "Inicialmente ela não dá sintomas e apesar de não dar
sintomas ela vai causando uma série de lesões em vários órgãos. Ela pode lesar o
coração, o cérebro, os rins, os olhos", alertou o médico.
De acordo com o cardiologista, a hipertensão é responsável por 80% dos
derrames, por 40% de doenças como infarto e 37% dos casos de insuficiência
renal, que levam os doentes à diálise. Ele disse que não tem cura, mas com
tratamento é possível controlar em 100% nas pessoas atingidas.
Para o médico, diante das possibilidades de acompanhamento médico e de
remédios disponíveis nas redes de atendimento público, não se justifica mais a
internação e a morte de pessoas hipertensas. "Hoje com todo conhecimento que a
gente tem, com todas as classes de remédios de graça na rede, não se justifica
mais internar ninguém por hipertensão e nem morrer ninguém por hipertensão",
avaliou.
Ele destacou ainda, que quando se analisa os dados de mortalidade do Sistema
de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, verifica-se que em torno de
12% das pessoas que morrem, está no atestado de óbito que a principal causa
mortis é a hipertensão. "Então é importante chamar atenção da população da
necessidade de medir a pressão. Se ela estiver alterada, maior ou igual a 140
por 90, a pessoa deve procurar o médico confirmar este diagnóstico e depois de
confirmar, iniciar o tratamento", orientou o cardiologista.
Segundo ele, há duas formas de tratamento, o medicamentoso e o não
medicamentoso. "O não medicamentoso são as mudanças no estilo de vida, diminuir
o sal da comida, emagrecer, fazer uma atividade física regular, evitar o
estresse e o uso abusivo de bebida alcóolica e abandonar o tabagismo. O
tratamento medicamentoso é individualizado, depende de cada pessoa. Vai ser
identificado o mecanismo mais prevalente na pessoa e medicá-la e quando inicia o
tratamento ele é para o resto da vida. A mudança no estilo de vida faz parte do
tratamento da hipertensão. Tem pessoas que só com isso a gente consegue
controlar a pressão. Na grande maioria, a gente precisa passar o remédio e
quando passa o remédio as pessoas vão tomar o remédio para o resto da vida",
explicou.
Fonte Agência Brasil
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