Rio de Janeiro - A falta de médicos em emergências de hospitais municipais,
estaduais e federais foi o principal problema destacado ontem (11) na abertura do
12º Congresso Médico dos Hospitais Públicos de Emergência do Rio de Janeiro,
organizado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).
A presidente da organização, Maria Rosa Araújo, chegou a classificar a
situação de "extrema" e o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM),
Aloísio Tibiriçá, disse que uma das causas da deficiência é a falta de dinheiro.
"Todos os problemas têm como pano de fundo a falta de financiamento para a
saúde. A base da questão é o financiamento", defendeu o cardiologista.
Aloísio Tibiriçá tratou também de questões corporativas. Disse que a
desvalorização da profissão avança com o aumento do número de médicos
temporários, com o pagamento de salários baixos e com as condições de trabalho
precárias. "Há um limite para a vocação", resumiu.
Outras críticas do representante do conselho foram contra o que chamou de
várias formas de contratação adotadas principalmente pelo governo do estado.
"Não é possível que haja profissionais com seis formas diferentes de contratação
trabalhando em um mesmo hospital", criticou Tibiriçá.
A subsecretária de Unidades Próprias, Ana Lúcia Neves, discordou das
críticas e afirmou que existem duas formas de contratação: a estatutária e a
celetista, por meio de Organizações Sociais, Fundações de Saúde ou a Fundação
para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde. Para ela, o modelo
celetista aumenta a meritocracia: "Não nivela os profissionais por baixo, mas
pelo mérito, pela capacitação e pelas responsabilidades que assumem".
A subsecretária do governo do estado afirmou que o problema de falta de
médicos em unidades de saúde não se dá pela falta de vagas, mas pela falta de
interessados em preenchê-las. "Está havendo uma inversão, porque existem muitos
postos de trabalho e poucos profissionais. Talvez porque sua formação não tenha
sido adequada ou porque o mercado de saúde está muito ampliado. Não há pessoas
interessadas em salários de R$ 6 mil, 7 mil e até 8 mil. Em qual profissão um
recém-formado consegue um emprego com esse salário?"
Fonte Agência Brasil
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