Foto: ilustrativa - imagem da internet |
A cirurgia
removeu a película de cor verde que havia sido inserida na córnea de cada olho
dela e recuperou os tecidos lesionados - os órgãos voltarão a ter a
característica natural, castanho-escuro. Nesta terça-feira, 16, Patrícia recebeu
alta e viajou para casa, no Rio.
A técnica, conhecida como transplante endotelial, é um método menos agressivo
e de recuperação rápida, de acordo com o médico oftalmologista do BOS Nicolas
Cesário Pereira, que fez a cirurgia. As células endoteliais formam membranas
internas e são responsáveis por manter a córnea transparente. O implante das
películas coloridas na operação feita no Panamá causou uma lesão na membrana e o
acúmulo de líquido, tornando a córnea opaca e causando a perda da visão.
Normalmente, a dificuldade é corrigida com o transplante convencional de córnea,
que exige até um ano para a recuperação completa da visão e tem risco de 23% de
rejeição.
No método usado, o implante e a membrana doente foram retirados por uma
microincisão na periferia da córnea e substituídos por tecido sadio. O risco de
rejeição é de no máximo 1%. No terceiro dia após o tratamento do primeiro olho,
a escritora carioca já enxergava e, no sétimo, tinha recuperado 100% da visão. O
segundo olho foi operado na semana passada. Patrícia terá acompanhamento pelas
próximas duas semanas.
De acordo com Pereira, a técnica do transplante endotelial não pode ser
aplicada a todos os candidatos ao transplante de córnea. Ela é válida para
pacientes que, além de ter apenas a camada mais interna doente - o endotélio -,
apresentem uma quantidade elevada dessas células epiteliais. A técnica ainda é
pouco difundida no Brasil. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO),
em 2011 foram realizados 14.182 transplantes de córnea no País. Destes, 20%
poderiam ser menos invasivos com a técnica do transplante endotelial, mas o
número não chega a 1%.
Patrícia tinha olhos castanhos e desde adolescente usava lentes de contato.
Em 2009, incentivada pelo então namorado, um cirurgião plástico, decidiu trocar
a cor natural para verde. O procedimento não é realizado no Brasil. Por isso, a
escritora viajou para o Panamá. No início de 2013, Patrícia começou a perder a
acuidade visual. Em algumas semanas, a questão agravou-se ao ponto de a autora
não conseguir mais enxergar o chão ou ver o prato de comida. Patrícia afirma que
passou a depender de ajuda para as tarefas mais simples.
A clínica do Panamá é uma das poucas do continente que realizam cirurgias
para mudança na cor dos olhos, mas o método não é considerado seguro. No Brasil,
o procedimento está em fase experimental e ainda não foi aprovado pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM). Estima-se que 600 brasileiras já viajaram ao Panamá
para mudar a cor dos olhos, mas não há dados sobre os casos de perda de visão -
Patrícia foi uma das primeiras a tornar pública a complicação.
Fonte Estadão
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