Apesar da evolução nas formas de tratamento e prevenção, a aids continua
sendo uma ameaça significativa aos brasileiros. Estima-se que existam entre 460
mil e 810 mil pessoas contaminadas pelo vírus, de acordo com as Nações
Unidas.
Uma as principais formas de combater a doença é o investimento em prevenção,
afirmam os especialistas. “Outra forma é com o diagnóstico precoce, para que o
tratamento comece cedo e impeça que o vírus faça a doença se manifestar”, afirma
o sanitarista Artur Kalichman, adjunto do Programa Estadual DST/AIDS.
Mesmo com o primeiro diagnóstico da doença feito há quase 30 anos, ainda
existem dúvidas e muito preconceito em torno da epidemia. O iG
reuniu uma série de mitos e verdades, com material de entrevistas e do
departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Tire suas
dúvidas!
AIDS e HIV são a mesma coisa.
Errado. AIDS é a doença causada pelo vírus HIV, que ataca o
sistema imunológico do portador. É possível passar muitos anos com o vírus e sem
a doença manifestada. Mas isso não impede sua transmissão por relações sexuais
ou pelo contato com sangue contaminado.
Ainda existem grupos de risco.
Errado. Hoje existem comportamentos de risco, como sexo
desprotegido, uso de drogas injetáveis, contato com sangue ou com objetos
cortantes contaminados. A ideia dos grupos de risco surgiu no início da
epidemia, quando a doença se alastrava entre homossexuais, hemofílicos e
dependentes químicos. Mas essa distinção logo se mostrou inapropriada.
Sexo oral transmite HIV.
Certo. O contato com os fluídos durante o sexo oral pode
transmitir o vírus HIV. Tal prática deve ser realizada com preservativo.
O risco de contágio pelo sexo anal é maior.
Certo. Como a mucosa anal é mais frágil do que a vaginal, o
risco de contágio é maior.
Toda gestante soropositiva vai transmitir o vírus HIV durante o
nascimento.
Errado. É possível evitar a transmissão vertical (de mãe
para filho) com pré-natal adequado. A mãe deve ter baixa carga viral e boa
imunidade. São ministrados antirretrovirais ao longo da gestação.
A camisinha é segura contra o vírus HIV.
Certo. Estudos norte-americanos já ampliaram o látex,
material do preservativo, em 30 mil vezes e não detectaram nenhum poro pelo qual
o vírus pudesse passar. A camisinha continua sendo o método preventivo mais
recomendado porque também evita outras doenças sexualmente transmissíveis e
serve como forma barata e simples de evitar uma gravidez indesejada.
A manifestação da AIDS pode ser fatal para o portador.
Certo. A doença é marcada pela fase mais avançada da
infecção, quando a imunidade se torna muito baixa e permite o ataque de doenças
oportunistas. Debilitado, o paciente pode não resistir a problemas como
hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer.
Mas há como impedir isso. Se o vírus for detectado na fase em que os sintomas
não se manifestaram, é possível começar o tratamento para fortalecer o sistema
imunológico e enfraquecer o vírus. Por isso é recomendado o teste sempre que a
pessoa for exposta a alguma situação de risco.A manifestação da AIDS pode ser fatal para o portador.
Uma pessoa pode ser acusada na Justiça de transmitir o vírus HIV ao
seu parceiro.
Certo. Existe essa possibilidade, mas ela requer algumas
condições bem específicas. É preciso provar que houve intenção de contaminar o
parceiro e que ele foi, de fato, contaminado ou exposto ao risco. A questão é
polêmica e divide especialistas. O Ministério da Saúde, por exemplo, é contrário
à criminalização do portador por julgar tal postura favorável ao aumenta da
discriminação.
Quem é portador do HIV deve sempre revelar sua condição.
Errado. Como existe muita discriminação em torno da aids, os
especialistas recomendam revelar a condição apenas quando o portador se sentir
seguro para isso. O mesmo vale para relações amorosas, embora revelar a situação
ao parceiro seja uma forma de compartilhar as dificuldades e de ter apoio contra
a doença.
A AIDS também ameaça pessoas casadas ou em relacionamentos
estáveis.
Certo. “A sociedade ainda é muito machista e permite ao
homem determinados comportamentos não permitidos às mulheres”, afirma o
sanitarista Artur Kalichman, adjunto do Programa DST/AIDS. Ele explica que as
relações extraconjugais, muitas vezes, são a causa da entrada do vírus em
relações estáveis. Cabe ao casal, segundo ele, estabelecer formas de prevenção e
elos de confiança.
Os homossexuais têm uma prevalência alta do vírus HIV.
Certo. “Ela está em torno de 10% no País”, conta Kalichman.
“Não é discriminação, é uma constatação que nos mostra a necessidade de
políticas públicas voltadas a este público”, completa.
A circuncisão reduz o risco de contágio do HIV.
Certo. Pesquisas indicam que a circuncisão pode reduzir em
cerca de 50% o risco de contágio em homens heterossexuais. Contudo, a melhor
forma de prevenção ainda é o uso de preservativos.
Um beijo na boca pode transmitir HIV.
Errado. Isso só vai acontecer se a pessoa estiver com
sangramento considerável, pois a saliva tem várias substâncias prejudiciais ao
vírus. O risco é menor de 0,1%.
O “coquetel do dia seguinte” pode impedir o contágio após exposição
ao vírus.
Certo. Mas nem sempre a medida é eficaz. Os antirretrovirais
são usados na prevenção da transmissão vertical (mãe para filho, no nascimento)
e em caso de violência sexual e de exposição de profissionais de saúde. Seu uso
deve ser feito até 72 horas após a exposição.
Fonte iG
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