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domingo, 25 de agosto de 2013

Fila para transplante de fígado pode chegar a 500 pessoas no Rio, diz médico

Rio de Janeiro – A fila para transplantes de fígado no Rio de Janeiro tem entre 400 e 500 pessoas, sendo que muitas morrerão esperando por uma cirurgia
 
O diagnóstico é do médico Lúcio Pacheco, coordenador do Centro Estadual de Transplantes (CET), unidade inaugurada este ano, que já fez 45 transplantes de fígado em adultos e tem meta de chegar a 100 cirurgias até o fim deste ano. A mesma equipe médica também efetuou nove transplantes em crianças, no Hospital Estadual da Criança, com meta de chegar a 20 até dezembro.
 
“A gente acredita que conseguirá fazer, no estado do Rio, uns 160 transplantes de fígado, no sistema público e privado. E a gente sabe que parte dessa fila vai morrer esperando um fígado. Um doente que espera um transplante de fígado não tem nenhuma máquina que o mantenha vivo. Ou ele transplanta logo, ou morre. Não fica vivo muito tempo na fila. É uma dura realidade”, disse Pacheco.
 
Em média, um paciente tem indicação de transplante de fígado quando sua expectativa de vida é de dois anos, momento em que ele entra na fila, ordenada pelo critério de gravidade da doença. O primeiro fígado vai para o doente mais grave, baseado em exame de laboratório.
 
“Nos dois últimos anos, o Rio registrou um salto de quatro doadores por milhão de habitantes para 15 doadores por milhão. Isso aumentou a quantidade de órgãos ofertados à população e os centros existentes anteriormente não teriam condição de atender a essa maior oferta. Nossa média de transplantes no CET é a mesma do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, que é o maior centro de transplantes de fígado no Brasil”, disse.
 
De acordo com o médico, mesmo tendo quadruplicado o número de doadores por milhão, é preciso crescer mais, para atender às necessidades por transplantes de fígado no estado. Na Espanha, o país que tem maior número de doadores, são 30 doadores por milhão. Nos demais países da Europa, está em torno de 25, e nos Estados Unidos, 24.
 
“O Brasil tem dois estados que já ultrapassaram a barreira dos 20 [doadores por milhão]: Santa Catarina e Ceará. No Rio de Janeiro, esperamos chegar próximo de 20 em 2014. Nossa meta é chegar a 22. Precisamos continuar crescendo.”
 
O coordenador do CET destacou que a maior causa isolada de doenças do fígado é a hepatite C, que tem prevalência de 1% a 2% no Brasil, o que significa de 2 milhões a 4 milhões de brasileiros infectados pelo vírus. Dos casos de cirrose hepática, 40% são devidos à hepatite C e mais 20% ao uso abusivo de álcool. A hepatite C é uma doença silenciosa, que ao apresentar sintomas já comprometeu o fígado. Sua transmissão é basicamente por meio de transfusões sangue e o compartilhamento de seringas infectadas. Se diagnosticada precocemente, a hepatite C é curável, em um tratamento de um ano.
 
Outra doença que vem causando grande número de indicações de transplantes de fígado é a esteatose hepática, que vem a ser o acúmulo excessivo de gordura no fígado, causado por má alimentação e sedentarismo.
 
O CET foi inaugurado em fevereiro deste ano, funcionando dentro do Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus, na Tijuca, que inclusive recebeu a visita de papa Francisco em julho. Pacheco prevê que, para o próximo ano, seja possível aumentar em 50% o número de cirurgias de transplantes, dependendo basicamente da contratação de pessoal. Outras informações podem ser acessadas pela página do hospital na internet: www.franciscanosnaprovidencia.org.br.
 
Para ajudar a diminuir a fila por transplantes de fígado, o médico recomenda que sejam feitas campanhas de divulgação na mídia, principalmente por meio de filmes e novelas, para conscientizar a população da importância de se fazer a doação. O fígado resiste até 12 horas para transplante e por isso a decisão de doar o órgão deve ser tomada o mais rapidamente possível pelo doador e pela família. Um único fígado tem a capacidade de salvar até duas pessoas, pois uma parte maior pode ser transplantada em um adulto e uma parte menor em uma criança.
 
Agência Brasil

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