No mundo na moda, a cor preta é conhecida por ser básica, clássica, indispensável em qualquer guarda-roupa. Entretanto, na cozinha, essa cor costuma ter um peso negativo, indicando que um alimento não está fresco - mas essa associação está prestes a mudar.
Existem frutas, cereais e leguminosas com essa coloração tão características e que escondem diversos benefícios. Por exemplo, o arroz negro é menos calórico e tem mais fibras que o arroz integral que costumamos comprar.
Em alguns casos, a cor intensa indica que aquele alimento possui uma alta concentração de determinado nutriente, como antioxidantes.
Conheça esse novo cardápio e veja por que o preto é o novo verde da culinária saudável:
Muito comum no prato dos brasileiros, o feijão preto é rico em magnésio e tem mais fibras que qualquer outro tipo de feijão. "Quando comparamos com o tipo carioca, o feijão preto ganha também em quantidade de ferro, sendo importante na alimentação diária para combater a anemia", afirma a nutricionista Tatiana Branco, da Nutri Action Assessoria e Consultoria Nutricional. Além disso, quando consumido junto com o arroz, o feijão preto se torna uma proteína de alto valor biológico, já que o arroz contém nutrientes que ajudam na absorção das proteínas vegetais contidas na leguminosa.
Apesar de não ser muito diferente da soja amarela em quantidade de nutrientes, a soja preta tem um ponto de destaque - ela é rica em antioxidantes, principalmente as antocianinas. "Elas consideradas o maior e o mais importante grupo de pigmentos solúveis em água, encontrada em plantas e amplamente consumidas em vegetais, frutas e vinho tinto", explica o nutricionista Israel Adolfo, de São Paulo. As antocianinas, bem como outros flavonoides, protegem nosso organismo de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, inflamações, infecções virais e obesidade. De acordo com uma tese da bromatóloga Diana Figueiredo de Rezende, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), a soja preta apresentou atividade antioxidante 50 a 70% maior que a amarela.
Mais comumente encontrada na Ásia, a lentilha preta é uma excelente fonte de proteínas, além de rica em fibras, ferro e ácido fólico, fundamental na formação neurológica durante a gestação. "A lentilha preta não apresenta grandes diferenças em relação às lentilhas de outras colorações", explica a nutricionista Tatiana. Entretanto, seus benefícios já valem para dar uma cor nova ao seu cardápio.
O preto tem mais vitamina A e cálcio que a variedade creme, além de compostos fenólicos. "Esses compostos tem a capacidade de sequestrar radicais livres e constituem fonte de antioxidantes naturais, sendo que a capacidade do gergelim preto é significativamente maior", explica o nutricionista Israel. Além disso, o gergelim preto tem um valor calórico menor, quando comparado com sua variedade mais clara.
"O chá preto tem as mesmas propriedades de uma xícara de café", declara a nutricionista Tatiana. Dentre as variedades de chá, o preto é o mais rico em cafeína, por isso não deve ser tomado muito tarde para não interferir no sono. Por ser uma substância vasodilatadora, a cafeína do chá preto pode dificultar o acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos. "A melhor forma de fazê-lo é esquentar a água até iniciar a fervura e apagar o fogo, colocar a erva na água deixando descansar por cinco minutos com uma tampa abafando o recipiente", explica o nutricionista Israel. "O ideal é a bebida ser tomada entre as refeições - quente ou fria - e seu consumo deve ser feito logo após o preparo, pois ele pode perder suas propriedades", completa a nutricionista Tatiana.
Ele não é muito comum em nossa mesa por conta do preço mais salgado, mas você poderia considerar consumi-lo de vez em quando. "A versão escura do arroz tem 20% a mais de proteínas e 30% mais fibra em relação ao integral", ressalta a nutricionista Tatiana. Com um sabor exótico, o arroz negro tem um elevado teor de ferro, menos gordura e menor valor calórico. Análises do produto também apontaram o grande conteúdo de compostos fenólicos e substâncias antioxidantes, que combatem os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce, doenças crônico-degenerativas, problemas cardiovasculares e câncer.
"Ainda que preliminares, estudos afirmam que a jabuticaba é rica em polifenois, incluindo antocianinas, flavonoides, acido fenólico e taninos", afirma o nutricionista Israel. Essa composição é muito parecida com a das uvas, e seu principal benefício é retardar o envelhecimento celular, combatendo os radicais livres. Uma porção de jabuticabas corresponde a sete unidades, sendo um ótimo lanche da tarde ou mesmo uma sobremesa.
Poderoso antioxidante, a amora tem alta concentração de polifenóis e vitamina C. "Uma porção de amora (100g) possui de 8 a 27 mg de polifenóis e 13 mg de catequinas, sendo ótimos aliados contra o envelhecimento celular", explica a nutricionista Tatiana. Mas as amoras oferecem muito mais do que a 39ª posição de alimentos com maior poder antioxidante. "Ela possui um composto chamado 4-4-hidroxifenilbutano, que tem estrutura química semelhante ao da capsaicina e sinefrina, ambos adjuvantes no processo de diminuição do percentual de gordura corporal", afirma o nutricionista Israel. Ainda que este benefício não esteja 100% comprovado, estudos indicam que esse composto pode sim trazê-lo ao nosso organismo.
Apesar da aparência exótica, o alho negro nada mais é do que o alho tradicional fermentado e envelhecido. "Esse processo retira do alimento seu amargor tradicional e lhe confere um sabor doce, frutado e macio", afirma a nutricionista Tatiana. Ela explica que não é acrescentado qualquer tipo de substância ao alho para ele atingir esse aspecto - é feito apenas o controle de temperatura e umidade em uma estufa por um período variável de três a quatro semanas. "Esse processo é originado dos povos orientais, que ao deixar os bulbos de alho dourados e seus dentes escuros, confere ao alimento um alto poder antioxidante", completa a nutricionista. Fora essa mudança, o alho negro tem as mesmas propriedades nutricionais da sua versão original.
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