Rio de Janeiro – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou ontem (28)
uma parceria para a produção da vacina dupla contra rubéola e sarampo
exclusivamente para exportação. O projeto inclui a construção de uma fábrica de
vacinas e medicamentos do laboratório Bio-Manguinhos/Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) em Santa Cruz, na zona oeste da capital fluminense que custará ao
ministério R$1,6 bilhão.
“Esta fábrica vai gerar emprego, renda, conhecimento, pesquisa e inovação
tecnológica aqui no país, além disso vai exigir maior qualidade da produção
nacional, o que fará com que as vacinas e outro medicamentos da Fiocruz tenham
cada vez mais qualidade” comentou Padilha.
A previsão é que sejam exportadas 30 milhões de doses da vacina a partir de
2017, sobretudo para a África, pelo menor preço mundial, US$ 0,54. O anúncio foi
feito durante o 9º Encontro Grand Challenges que reúne pesquisadores do mundo
todo em um hotel do Rio de Janeiro para discutir soluções inovadoras e de
impacto à saúde.
Parceira do projeto, a fundação norte-americana Bill & Melinda Gates,
maior fundação filantrópica do mundo pertencente ao empresário Bill Gates,
comprará as vacinas da Fiocruz para doá-las a países pobres. Além disso, a
parceria prevê o investimento de US$1,1 milhão por parte da fundação para o
desenvolvimento e a pesquisa clínica da vacina.
Padilha explicou que embora o Brasil já tenha erradicado a rubéola e o
sarampo, a demanda mundial é muito forte. “Aproximadamente 150 mil pessoas
morrem por ano em todo o mundo vítimas do sarampo. Ao produzirmos essa vacina
podemos ocupar o mercado global, primeiro, com essa vacina e depois abrir as
portas para outros tipos de vacinas produzidas aqui no Brasil”, disse.
Atualmente o Brasil exporta diferentes tipos de vacinas para 75 países. O
Sistema Único de Saúde oferece 25 tipos de vacinas e 96% delas são de produção
nacional. O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, explicou que a nova planta vai
quadruplicar a produção de vacinas no país.
“Vamos elevar nossa capacidade de produção que hoje é de cerca de 150 milhões
de doses por ano de vacinas para 650 milhões de doses por ano”, explicou. O fato
da Fiocruz já produzir a tríplice viral MMR (caxumba, sarampo e rubéola)
facilitará o desenvolvimento da nova formulação segundo ele. “Mas cada
formulação é uma nova vacina e apresenta novos desafios. Então é um produto novo
que será desenvolvido inteiramente com tecnologia e competência nacional que vai
responder uma demanda central do ponto de vista mundial”. A tríplice viral não
foi cogitada no acordo, pois a caxumba não é uma doença fatal na maioria dos
países que hoje necessitam da vacina dupla contra a rubéola e o sarampo.
O presidente do programa Global Health da fundação, Trevor Mendel, explicou
que atualmente um laboratório indiano é o único produtor deste tipo de vacina e
que a parceria com o Brasil é fundamental para universalizar o acesso a essas
vacinas. Cada dose de vacina hoje custa cerca de US$0,57, com previsão de
aumento para os próximos anos.
Agência Brasil
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