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Hoje Artur está curado, mas para isso acontecesse foi preciso
que a família abandonasse tudo no Brasil
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Nas horas seguintes ao nascimento de Artur, os pais notaram que ele tinha algum problema, não parava de chorar um minuto sequer. Com dois dias de vida, levaram o menino de Petrolina (PE) para Fortaleza (CE), onde foi diagnosticado erroneamente com leucodistrofia, doença que causa distrofia muscular e que ficou famosa após o filme "O óleo de Lorenzo".
Só quando Artur tinha 31 dias é que a família soube o diagnóstico correto: o filho sofria de xarope de bordo de urina, doença que exige uma alimentação extremamente controlada e é de alto risco. De acordo com estimativas, existem apenas 90 casos da doença no Brasil.
O diagnóstico correto era só o início do périplo e a derrocada financeira da família de Artur. Eles se mudaram para outras duas cidades brasileiras, que ofereciam melhor tratamento, até largarem tudo e irem para os Estados Unidos, onde Artur passou por um transplante de fígado e foi finalmente curado da doença que impedia que seu corpo sintetizasse algumas substâncias, o que o fazia viver sob uma dieta super restrita.
"Naquela época, ele não podia comer proteína. A fórmula custava 500 dólares e durava de três a quatro dias cada lata. Era caríssimo”, diz Idario Santos, engenheiro agrônomo que perdeu a fazenda que exportava manga e uva para custear o tratamento do filho.
Completamente quebrado, ele conseguiu no Supremo Tribunal Federal que o governo brasileiro custeasse 100 mil dólares de fórmula para o menino. Logo depois, quando Artur tinha três anos e meio, ele descobriu que o filho poderia ser curado se passasse por um transplante de fígado nos Estados Unidos. O preço da operação era de 225 mil dólares e foi pago com doações, descontos e o custeio de 65 mil dólares do governo brasileiro.
Hoje, Artur pode comer tudo e leva uma vida praticamente normal desde que aprendeu a andar aos oito anos. Ficaram as sequelas: ele anda com dificuldade e tem um dano cerebral que lhe causa um atraso cognitivo.
“É um custo financeiro muito alto. Minha vida foi despedaçada. Graças a Deus não me separei da minha mulher, mas houve momentos que foi por muito pouco. Tudo isso seria evitado se, em vez do diagnóstico ter saído em 31 dias, a doença tivesse sido detectada no teste do pezinho", disse. "Por isso minha luta para que o País ofereça, de graça, diagnóstico e tratamento para as doenças raras", completou Idario , que em breve deve lançar um livro contando a história do filho.
iG
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