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domingo, 6 de outubro de 2013

Fumar também pode prejudicar o funcionamento do cérebro

Fumante fica mais suscetível a desenvolver problemas no
 sistema circulatório
Mais de 50 doenças estão associadas ao cigarro
 
Muitas pessoas pensam que o órgão mais prejudicado pelo cigarro é o pulmão. Na verdade, os males causados pelo tabagismo impactam em todo o corpo de forma sistêmica. Para se ter uma ideia, apenas uma simples tragada é suficiente para contrair todos os vasos sanguíneos do corpo, causando o endurecimento das artérias e fazendo o coração trabalhar mais depressa, enquanto os pulmões absorvem cerca de cinco mil substâncias tóxicas como amônia, chumbo, alcatrão e elementos cancerígenos como arsênio e cádmio.
 
De acordo com o pneumologista e vice-diretor do Centro de Reabilitação Pulmonar da Universidade Federal de São Paulo Oliver Nascimento, mais de 50 doenças estão associadas ao cigarro.
 
— As doenças cardiovasculares e o câncer são as principais causas de morte por doença no Brasil, e o câncer de pulmão, a primeira causa de morte por câncer — ilustra Nascimento, amparado por dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que aponta que o tabaco é responsável direta ou indiretamente por 40% das mortes dos indivíduos em todo o mundo.
 
Mas, além das doenças já conhecidas causadas pelo hábito de fumar, existe ainda a possibilidade que o tabagismo tenha participação no processo de degeneração cerebral.
 
— Ainda não se sabe se o cigarro realmente acelera a perda cognitiva, como ocorre com a doença de Alzheimer, por exemplo. Mas é conhecido que o tabagismo é um importante fator de risco para o mau funcionamento cerebral —afirma o neurologista e coordenador do Núcleo de Memória do Hospital Israelita Albert Einstein, Ivan Okamoto.
 
Como o cigarro pode afetar o cérebro?
O que se sabe é que o fumante fica mais suscetível a desenvolver problemas no sistema circulatório, como a aterosclerose. Nessa doença, as artérias sofrem uma inflamação e, com isso, placas de gordura grudam em suas paredes. Com o passar do tempo, elas se calcificam, diminuindo o calibre dos vasos, fazendo com que o cérebro receba menos sangue e uma menor quantidade de oxigênio e nutrientes.
 
— Esse comprometimento vascular pode levar à lesão cerebral, progredindo gradualmente a um quadro demencial — explica Okamoto, que alerta ainda que até os fumantes passivos podem estar sujeitos a essas consequências.
 
Os sintomas de quadro de demência podem ser confundidos com estresse ou fadiga. Entretanto, independente da causa, quando o indivíduo passa a apresentar dificuldades de memória persistentes, alterações no padrão funcional, mudanças no comportamento, problemas de linguagem e até mesmo dificuldades motoras, é recomendável que seja avaliado por um médico.
 
Considerado uma doença crônica, o tabagismo precisa ser tratado com mudança comportamental e, muitas vezes, com acompanhamento de um médico que indique o tratamento adequado que combine terapias. Dependendo do caso, é possível incluir medicamentos que ajudem no controle dos sintomas da abstinência, que podem sabotar o abandono do fumo.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que fumantes que tentam parar de fumar sem ajuda médica têm menor chance de sucesso (uma média de 5%). E mesmo entre os que conseguem largar o cigarro, apenas de 0,5% a 5% mantêm a abstinência por um ano sem acompanhamento médico.
 
— A boa notícia é que, graças ao aumento da conscientização da população motivado pelas leis de restrição ao cigarro em ambientes fechados, proibição da publicidade, campanhas antitabagismo, entre outros fatores, a cada ano o número de fumantes vem reduzindo — diz Oliver Nascimento.

Zero Hora

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