Fumante fica mais suscetível a desenvolver problemas no sistema circulatório |
Muitas pessoas pensam que o órgão mais prejudicado pelo cigarro é o pulmão. Na verdade, os males causados pelo tabagismo impactam em todo o corpo de forma sistêmica. Para se ter uma ideia, apenas uma simples tragada é suficiente para contrair todos os vasos sanguíneos do corpo, causando o endurecimento das artérias e fazendo o coração trabalhar mais depressa, enquanto os pulmões absorvem cerca de cinco mil substâncias tóxicas como amônia, chumbo, alcatrão e elementos cancerígenos como arsênio e cádmio.
De acordo com o pneumologista e vice-diretor do Centro de Reabilitação Pulmonar da Universidade Federal de São Paulo Oliver Nascimento, mais de 50 doenças estão associadas ao cigarro.
— As doenças cardiovasculares e o câncer são as principais causas de morte por doença no Brasil, e o câncer de pulmão, a primeira causa de morte por câncer — ilustra Nascimento, amparado por dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que aponta que o tabaco é responsável direta ou indiretamente por 40% das mortes dos indivíduos em todo o mundo.
Mas, além das doenças já conhecidas causadas pelo hábito de fumar, existe ainda a possibilidade que o tabagismo tenha participação no processo de degeneração cerebral.
— Ainda não se sabe se o cigarro realmente acelera a perda cognitiva, como ocorre com a doença de Alzheimer, por exemplo. Mas é conhecido que o tabagismo é um importante fator de risco para o mau funcionamento cerebral —afirma o neurologista e coordenador do Núcleo de Memória do Hospital Israelita Albert Einstein, Ivan Okamoto.
Como o cigarro pode afetar o cérebro?
O que se sabe é que o fumante fica mais suscetível a desenvolver problemas no sistema circulatório, como a aterosclerose. Nessa doença, as artérias sofrem uma inflamação e, com isso, placas de gordura grudam em suas paredes. Com o passar do tempo, elas se calcificam, diminuindo o calibre dos vasos, fazendo com que o cérebro receba menos sangue e uma menor quantidade de oxigênio e nutrientes.
— Esse comprometimento vascular pode levar à lesão cerebral, progredindo gradualmente a um quadro demencial — explica Okamoto, que alerta ainda que até os fumantes passivos podem estar sujeitos a essas consequências.
Os sintomas de quadro de demência podem ser confundidos com estresse ou fadiga. Entretanto, independente da causa, quando o indivíduo passa a apresentar dificuldades de memória persistentes, alterações no padrão funcional, mudanças no comportamento, problemas de linguagem e até mesmo dificuldades motoras, é recomendável que seja avaliado por um médico.
Considerado uma doença crônica, o tabagismo precisa ser tratado com mudança comportamental e, muitas vezes, com acompanhamento de um médico que indique o tratamento adequado que combine terapias. Dependendo do caso, é possível incluir medicamentos que ajudem no controle dos sintomas da abstinência, que podem sabotar o abandono do fumo.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que fumantes que tentam parar de fumar sem ajuda médica têm menor chance de sucesso (uma média de 5%). E mesmo entre os que conseguem largar o cigarro, apenas de 0,5% a 5% mantêm a abstinência por um ano sem acompanhamento médico.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que fumantes que tentam parar de fumar sem ajuda médica têm menor chance de sucesso (uma média de 5%). E mesmo entre os que conseguem largar o cigarro, apenas de 0,5% a 5% mantêm a abstinência por um ano sem acompanhamento médico.
— A boa notícia é que, graças ao aumento da conscientização da população motivado pelas leis de restrição ao cigarro em ambientes fechados, proibição da publicidade, campanhas antitabagismo, entre outros fatores, a cada ano o número de fumantes vem reduzindo — diz Oliver Nascimento.
Zero Hora
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