Conclusão veio após pesquisadores analisarem mais de 2,8 mil gestações desse tipo. Para especialistas, a constatação reduz a importância dada às cirurgias
Quando decidiu engravidar, a arquiteta Grasiella Drumond, 33 anos, já tinha algumas noções do que era o parto humanizado e acreditava ser a melhor forma de ter o primeiro filho. Mas a ideia ganhou um tom de incerteza quando ela descobriu que, em vez de um, teria Iolanda e Margarida.
“A primeira coisa que pensei foi se poderia ter o parto normal. Se existia algum tipo de implicação que prejudicasse a segurança delas”, lembra.
O primeiro médico — indicado por fazer partos humanizados — disse que não faria o procedimento.
“Achei que teria alguém para me apoiar. Nunca fui radical, mas busquei informações e sabia que era possível.”
O segundo obstetra confirmou a convicção de Grasiella. “Eu queria respeitar o nascimento delas, esse era o ponto primordial. Sabia de algumas complicações e de que precisaria ficar atenta.”
Diferentemente do que domina o imaginário popular e do que pregam alguns profissionais, os riscos de mortalidade e morbidade (incidência de doença) fetal ou materna em partos gemelares não diferem significativamente entre o parto vaginal e a cesariana planejada, em situações ideais.
Cientistas de 25 países, inclusive o Brasil, formaram o Grupo Colaborativo do Estudo de Nascimento de Gêmeos. O esforço internacional teve como objetivo reunir um número substancial de gestantes em condições ambientais diferenciadas para que os dados pudessem representar os riscos reais dessa população.
Entre os poucos requisitos, a gravidez gemelar deveria estar entre 32 semanas e 38 semanas e 6 dias — período ideal para o parto de gêmeos. O primeiro bebê também precisava estar em posição cefálica — quando a cabeça do feto se encontra mais próxima da bacia materna —, vivo e com peso médio entre 1,5kg e 4kg.
Foram selecionadas e acompanhadas 2.804 mulheres entre dezembro de 2003 e abril de 2011. Dessas, 414 eram do Brasil.
Foram selecionadas e acompanhadas 2.804 mulheres entre dezembro de 2003 e abril de 2011. Dessas, 414 eram do Brasil.
Um total de 1.398 eram do grupo que faria a cesariana planejada e as outras 1.406, o parto vaginal.
Entre as do primeiro grupo, 89,9% foram submetidas a cesariana para ambos os filhos, 0,8% combinou parto vaginal e cesárea e 9,3% tiveram apenas o parto vaginal. Já as mães do segundo grupo, 56,2% mantiveram o que foi planejado inicialmente, apenas o parto normal, e 4,2% combinaram o parto vaginal e a cesárea. As mulheres restantes (39,6%) só foram submetidas à cesárea.
A comparação dos dados mostrou que a cesariana planejada não reduziu o risco de morte fetal ou neonatal ou morbidade neonatal grave quando comparada com o parto vaginal planejado.
Correio Braziliense
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