Só na última semana, três crianças morreram afogadas em diferentes cidades brasileiras. Duas delas tiveram alguma parte do corpo sugada pelo ralo da piscina, enquanto a última caiu acidentalmente na água. De acordo com dados apurados pela ONG Criança Segura, até os 14 anos o afogamento é a segunda causa mais comum de mortes.
“Crianças se expõem aos riscos com mais facilidade porque não são informadas sobre os verdadeiros perigos. O afogamento acontece de maneira silenciosa e muito rápida, por isso elas nunca podem ficar sem a supervisão de um adulto”, afirma Marislaine Lumena, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria.
“O Brasil tem a cultura da fatalidade e a segurança infantil acaba sendo negligenciada. A verdade é que todas essas mortes não acontecem por fatalidade e sim por falta de ações preventivas”, afirma Alessandra Françoia, coordenadora nacional da Criança Segura.
Para diminuir o risco de afogamento entre as crianças, os adultos devem ficar atentos a alguns cuidados básicos. Veja quais são.
1. Equipamento de segurança: boias e outros acessórios de piscina transmitem uma falsa sensação de segurança: eles não são eficazes em caso de afogamento. “A criança deve utilizar um colete salva-vidas, que deixa a brincadeira na água menos perigosa e tão divertida quanto”, aconselha Alessandra Françoia.
2. Supervisão em tempo integral: até os 14 anos, as crianças devem ser supervisionadas constantemente. Cerca de quatro minutos, tempo de atender um telefonema ou conversar com alguém, já são suficientes para que a criança submersa tenha sequelas irreversíveis ou se afogue. “Muitos acidentes ocorrem quando as crianças estão com os amigos, sem a supervisão de um adulto”, reforça Alessandra.
3. Aulas de natação especializadas: a partir dos dois anos, as crianças já podem ser inscritas em aulas de natação para desenvolverem algumas noções de locomoção na água. Aos quatro anos, quando as habilidades motoras já são maiores, é interessante que elas passem por aulas especializadas que simulam afogamento, para que aprendam a lidar com o desespero e gravidade da situação. E, mesmo que os pequenos saibam nadar, os pais precisam ficar de olho.
4. Dificultar o acesso a piscinas, baldes e caixas d’água: apenas 2 centímetros de água já são suficientes para afogar uma criança pequena. Sendo assim, depois de utilizar piscinas infláveis ou baldes de água, os pais devem esvaziá-los para que a criança não volte para a água. Em piscinas maiores, é fundamental que os pais providenciem uma cerca e invistam em sensores de movimento e lonas de proteção, que reduzem o risco de a criança cair acidentalmente na água.
5. Curso de primeiros socorros: pode ser extremamente eficaz em casos mais extremos. Como nas crianças, que têm menos massa muscular, o afogamento ocorre muito rápido, a reanimação cardiopulmonar deve ser feita por alguém habilitado até a emergência chegar. Ainda assim, a criança deve ser encaminhada para o hospital o mais rápido possível.
6. Verificar filtros e sistemas de drenagem das piscinas: as tampas para ralos são simples de serem encontradas e podem evitar acidentes graves. Ao chegar a hotéis ou clubes, os pais devem checar a sucção dos ralos, se eles estão devidamente tampados, e se os equipamentos de limpeza estão fora do alcance das crianças.
7. Respeitar as sinalizações dos Bombeiros: na praia, as placas de perigo servem como um alerta, tanto para adultos como para crianças. Os pais devem evitar essas áreas e procurar um salva-vidas, minimizando o risco de acidentes sem o devido auxílio.
8. Conscientização: é de extrema importância conversar com as crianças sobre os riscos de afogamento, para que elas saibam da gravidade da situação e estejam sempre alertas. “Falar sobre o perigo de ingerir álcool antes de entrar na água também é fundamental, já que é um agravante para adolescentes”, pontua Marislaine Lumena.
9. Área da piscina livre: brinquedos, parquinhos e outros atrativos para crianças não devem ser colocados perto da área da piscina. “Se ela não tiver uma cerca apropriada, a criança pode acabar derrubando algum brinquedo dentro da água, o que incentiva o mergulho sem a presença dos pais”, diz Marislaine. O ideal é que os objetos fiquem longe da piscina e sob a supervisão dos responsáveis.
10. Diversão com limites: vale também desestimular brincadeiras agressivas na água, como as de dar “caldo” ou que simulam afogamento com a criança. Se ela considerar isso normal, pode acabar repassando o comportamento adiante, com amigos, expondo outras crianças a situações de risco.
Delas
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