Ainda não existe pílula mágica e as que estão em uso podem ser perigosas |
Os cientistas reanalisaram os dois produtos aprovados em 2012 para a perda de peso a longo prazo – cloridrato de lorcaserin (nome comercial Belviq, da Eisai Inc.) e fentermina/topiramato (nome comercial Qsymia ou Qnexa, da Vivus Inc) – e chegaram à conclusão de que eles não são livres de riscos.
Os testes feitos pelos comerciantes das drogas mostraram que elas, juntas de uma dieta de restrição calórica e aumento de exercício físico, foram associadas a uma maior perda de peso em pacientes do que nos que receberam placebo (3% mais a perda de peso com lorcaserin e 7% mais com fentermina/topiramato).
O problema é que ambas as drogas têm sido associadas a danos graves. Seus rótulos incluem advertências sobre problemas de memória, atenção, linguagem e depressão.
Além disso, os pesquisadores afirmam que os testes de ambas as drogas não puderam concluir que os remédios não causavam danos cardiovasculares. Por conta desse motivo, nenhuma delas está no mercado da Europa, nem do Brasil.
A Agência Europeia de Medicamentos relatou que sua probabilidade de aprovar o lorcaserin era baixa, por causa de preocupações sobre possíveis cânceres, distúrbios psiquiátricos e problemas nas válvulas cardíacas. O órgão também rejeitou explicitamente fentermina/topiramato duas vezes – a primeira em 2012 e novamente em 2013.
Aparentemente, os EUA acabaram aprovando os remédios quando algumas das preocupações envolvidas com as drogas foram resolvidas pelos fabricantes – mas não as advertências sobre os lesões cardiovasculares graves. No entanto, a FDA permitiu a comercialização dos medicamentos, exigindo das empresas apenas a realização de testes pós-aprovação para avaliar os danos, o que os cientistas consideram um absurdo.
“A decisão do FDA de aprovar ambas as drogas e exigir testes pós-aprovação em vez de segurança pré-aprovação é preocupante”, disseram os pesquisadores Drs. Steven Woloshin e Lisa Schwartz. “Nós não concordamos. Embora as opções de tratamento sejam limitadas, a obesidade não é uma emergência – nem sequer é uma doença, mas sim um fator de risco para doenças”.
No Brasil, apenas dois medicamentos para emagrecer são aprovados pelo Ministério da Saúde – o orlistat e a sibutramina, utilizados para combater a obesidade. Ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a suspensão da fabricação, importação, comercialização, manipulação e uso do insumo farmacêutico ativo lorcaserin. Qnexa também não é vendido por aqui.
Porém, os remédios comercializados no nosso país também não são um mar de rosas e possuem seus riscos.
A sibutramina trabalha aumentando a sensação de saciedade, mas também pode aumentar a pressão e os batimentos do coração – pessoas com IMC menor de 30, com mais de 65 anos, crianças e adolescentes com histórico de diabetes tipo 2, hipertensão, colesterol alto, doenças no coração ou transtornos psiquiátricos devem evitar esse medicamento. O orlistat impede a gordura de ser absorvida pelo corpo e seus efeitos colaterais incluem dor abdominal, urgência fecal, fezes gordurosas, desordem dentária, aumento do número de evacuações, dor de cabeça, dor nas costas, ansiedade, infecção no trato respiratório superior, gripe, edema, febre e pressão arterial baixa.
No geral, o Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos (CEBRIM) afirma que a utilização de drogas contribui apenas de forma modesta e temporária para a redução de peso, por isso elas nunca devem ser usadas como única forma de tratamento. Além disso, há preocupações com reações adversas graves e desenvolvimento de dependência.
Hypescience
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