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terça-feira, 4 de março de 2014

Automedicação pode trazer sérios riscos à saúde

Foto: Reprodução
Se você está com dor de cabeça e logo pensa em comprar aquele remédio indicado pelo vizinho, sem falar com o médico, leia o que temos a dizer hoje.
 
Essa prática é comum e perigosa. Ouvir a experiência do amigo ou somente ler a bula não basta. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, quase 35 mil pessoas sofreram este tipo de intoxicação em 2007, sendo que 90 morreram. Os medicamentos fazem parte da prescrição de um tratamento e precisam ser indicados pelo médico.
 
Há décadas, o Ministério da Saúde divulga a orientação “Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”, após as propagandas dos laboratórios farmacêuticos. Um encaminhamento completamente equivocado, segundo a Associação Paulista de Medicina. Na tentativa de corrigir este equívoco, o projeto de lei 328/06, que tramita no Senado, propõe a substituição da referida frase por “Antes de consumir qualquer medicamento, consulte um médico”.
 
Os médicos reivindicam medidas no sentido de conscientizar o público leigo sobre a gravidade do hábito e chamar o poder público para implantar políticas que coíbam a prática. “Os pacientes precisam saber que todo remédio tem um risco”, pondera Álvaro Atallah, diretor da APM e professor titular de Medicina Baseada em Evidências da Unifesp.
 
Os riscos são inúmeros, com destaque para o mascaramento do quadro clínico e o consequente diagnóstico equivocado ou tardio. Em ambos os casos, há retardo no tratamento correto, o que pode desencadear uma série de complicações. Outros problemas são interação medicamentosa, alergias e dosagem e administração inadequadas – tanto em quantidades baixas, que podem promover a resistência bacteriana, por exemplo, quanto em quantidades altas, que acarretam efeitos colaterais.
 
Além disso, a automedicação traz prejuízos econômicos, já que a pessoa paga pelos produtos errados e depois terá de custear o tratamento. Sem contar que o sistema de saúde arca com a solução de problemas já avançados pelo retardo do diagnóstico.
 
Dosagem excessiva de paracetamol, encontrado em alguns remédios para gripe, é um dos exemplos que precisam de cautela. “Nos Estados Unidos, essa é a causa mais comum de necrose fulminante do fígado, pois há antigripais cuja indicação é tomar dois comprimidos de uma vez. Depois disso, se tiver febre, a pessoa vai tomar um antitérmico, e tem que repetir o processo de oito em oito horas. Isso ultrapassa o limite de segurança e sobrecarrega o fígado”, ressalta Ernani Pinto, antigo diretor da Sociedade Brasileira de Toxicologia e professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
 
“Ácido acetilsalicílico (AAS) causa úlceras e outros problemas de estômago; e descobriu-se que vitaminas receitadas indiscriminadamente para prevenir enfarte podem causar câncer”, exemplifica Atallah.
 
Anthony Wong, Coordenador do Centro de Assistência Toxicológica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, afirma que até substâncias fitoterápicas, se usadas de forma errada, podem ser prejudiciais. É o caso do Hipérico, base da Erva de São João, que é um ótimo antidepressivo natural, mas que diminui os efeitos de anticoncepcionais e anti-HIV, além de cortar em até 60% a atuação de drogas para diminuição da rejeição de órgãos.
 
Por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Ministério da Saúde vem tomando medidas para restringir a propaganda e tentar regular o comércio de medicamentos sem prescrição. O Congresso Nacional discute o projeto de lei 7029/06, que obriga os fabricantes a produzirem medicamentos em embalagens fracionáveis, outra medida positiva para que os pacientes possam comprar somente a quantidade necessária, evitando o armazenamento e posterior consumo de remédios.

Universo Jatobá

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