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sábado, 5 de abril de 2014

Saiba como aplicativos para celulares podem ajudar os usuários a meditar

Saiba como aplicativos para celulares podem ajudar os usuários a meditar reprodução/reprodução
Foto: Reprodução
Programas que trazem desde músicas relaxantes a sons da natureza auxiliam contra a ansiedade
 
Para a maioria de nós, os smartphones podem parecer mais uma fonte constante de stress do que um caminho para a serenidade. Mesmo assim, cada vez mais pessoas estão usando seus Androids e iPhones para encontrar a paz interior.
 
Nos últimos anos, dezenas de aplicativos surgiram prometendo treinar os usuários em diversas formas de meditação contra o stress. Muitos promovem uma abordagem popular, adaptada da meditação budista, que é conhecida como "consciência plena" — a observação imparcial de sua respiração, presença e pensamentos.
 
Era isso que Kat McKerrow, de Baltimore, estava procurando durante o verão, quando baixou um aplicativo para iPhone chamado Calm.
 
Por cerca de US$10 por ano, ele oferece dezenas de módulos guiados de meditação, com músicas relaxantes e sons da natureza, para ajudar com coisas como ansiedade, criatividade e sono.
 
Os usuários podem escolher entre uma gama de módulos gravados, e a tempo pelo qual querem meditar. Um módulo de 10 minutos traz o som de ondas do mar quebrando na praia enquanto uma narradora, com voz suave e reconfortante, o instrui a fechar seus olhos, se afastar de seus pensamentos e sentir qualquer tensão derreter.
 
"Entenda que não há nada para fazer agora – apenas você. Quando se pegar tendo outros pensamentos, deixe que eles passem como nuvens no céu, e simplesmente traga sua atenção de volta ao seu corpo. Isso é você, com vida e presente".
 
Para McKerrow, de 34 anos, o aplicativo de meditação era uma maneira de aliviar o stress de conciliar duas carreiras (diretora editorial de uma newsletter financeira e atriz em meio período) enquanto cria três filhos.
 
— É uma vida muito voltada a prazos. Não consigo relaxar naturalmente. Isso não vem fácil para mim. Tenho muita energia nervosa, e tenho muitos problemas com tensão no pescoço e nas costas — confessou ela.
 
Hoje ela usa o programa de meditação várias vezes ao dia — durante pausas para o almoço, em sua rotina diária de alongamento e antes de subir ao palco.
 
O aplicativo, lançado há cerca de um ano pela Calm.com, uma iniciante de São Francisco, teve mais de meio milhão de downloads; outro, chamado Headspace e fundado por um ex-monge budista, garante ter mais de 1 milhão de usuários.
 
A Saagara, empresa em Ann Arbor, Michigan, oferece dois aplicativos de "pranayama", voltados a ensinar técnicas de respiração (pranamaya é uma palavra em sânscrito que se refere à regulação da respiração).
 
Entretanto, embora os aplicativos de meditação tenham muitos adeptos, seu efeito sobre a saúde mental e física é difícil de medir.
 
No geral, estudos sobre meditação descobriram que ela pode produzir melhorias modestas em ansiedade, depressão e dor. No entanto, isso não necessariamente se traduz em programas de meditação baseados em smartphones e na internet, segundo especialistas.
 
O Dr. Madhav Goyal, professor de Medicina na Johns Hopkins University e especialista em meditação, diz que essa é uma habilidade que deve ser aprendida com um professor experiente, e que aplicativos e programas online devem ser vistos apenas como ferramentas auxiliares.
 
— A meditação não é algo fácil de aprender. Minha opinião é que, se você deseja aprender, procure alguém com muita experiência que possa orientá-lo através das nuances e dificuldades que uma pessoa enfrenta quando este tentando dominar sua mente. E depois de aprender a habilidade, então, esses aplicativos e tecnologias serão realmente úteis — afirmou ele.
 
Grande parte das pesquisas sobre meditação foi realizada em experimentos pequenos e mal controlados. Todavia, em uma análise na revista "JAMA Internal Medicine", este mês, Goyal e colegas vasculharam milhares de estudos e selecionaram 47 ensaios clínicos aleatórios — o padrão de ouro na pesquisa científica — que incluíram 3,5 mil participantes. Muitos deles aprenderam a meditação de atenção plena em programas de oito semanas, que envolviam duas horas de treinamento semanal e cerca de 30 minutos de sessões diárias como "lição de casa".
 
Os pesquisadores encontraram pouca ou nenhuma evidência de que a meditação tinha qualquer impacto sobre coisas como ganho de peso, uso de substâncias controladas, hábitos de alimentação e sono. Contudo, eles concluíram que a pessoa comum se submetendo a um programa de consciência plena pode esperar melhorias — de pequenas a moderadas — em sintomas de ansiedade, depressão e dores.
 
Segundo Goyal, a meditação pode produzir benefícios ao treinar a pessoa a reconhecer pensamentos negativos sem ser perturbada por eles. Uma pessoa comum com ansiedade, por exemplo, pode pensar em algo estressante, se prender a esse pensamento e ficar cada vez mais ansiosa a respeito.
 
— Na meditação, porém, você é ensinado a ser capaz de observar esse pensamento, mas fazê-lo de uma forma isolada, sem reagir a ele. Esse processo pode reduzir as chances de sofrer de ansiedade. O mesmo vale para a depressão e para a dor — explicou Goyal.
 
Nos últimos 10 anos, Goyal praticou a meditação vipassana, que requer uma rigorosa imersão de 10 dias e 100 horas de treinamento, com cursos de acompanhamento ao longo dos anos. Um aplicativo ou curso online dificilmente conseguiria substituir esse tipo de treinamento, afirmou ele.
 
Ainda assim, alguns ensaios pequenos sugerem que o usuário pode se beneficiar com esses programas menos ambiciosos. Em um estudo publicado na revista "BMJ Open", em janeiro, pesquisadores suecos descobriram que baixar e usar um aplicativo de consciência plena por oito semanas fez pouca ou nenhuma diferença para pessoas com casos graves de depressão e ansiedade. Por outro lado, para um subgrupo de pessoas com níveis leves ou "subclínicos" de depressão, eles descobriram melhorias surpreendentes nos sintomas.
 
— Em média, eles foram de uma depressão mínima a nenhuma depressão — garantiu o principal autor do estudo, Kien Hoa Ly da Linkoping University, na Suécia.
 
— Para pessoas que não são gravemente depressivas, usar um aplicativo de consciência plena pode ser um exercício muito bom — completou.
 
Os smartphones contribuem de diversas formas para o stress, levando-nos a checar e-mails compulsivamente, escrever mensagens e bater furiosamente em nossas telas jogando "Candy Crush" e "Angry Birds". Aplicativos de meditação podem ao menos nos incentivar a usar o celular para algo mais relaxante, disse Adele Krusche, pesquisadora de Oxford e coautora do estudo, publicado em novembro, sugerindo que os programas online de consciência plena podem reduzir o stress e a ansiedade.
 
Segundo Krusche, a ideia da meditação de consciência plena não é esvaziar sua mente ou deslizar para um relaxamento profundo, mas parar por um momento e prestar atenção aos diversos pensamentos flutuando em sua mente.
 
— Muitas vezes, estamos tão ocupados que não nos damos um momento para parar e fazer um balanço — explicou ela.
 
O bom de um aplicativo é que ele permite ao usuário fazer isso onde estiver – em casa, em um trem ou no escritório. Krusche utiliza um aplicativo de consciência plena enquanto vai para o trabalho, no ônibus.
 
— Os smartphones são uma parte tão grande de nossas vidas atualmente e é muito bom poder usar a tecnologia dessa forma — disse ela.
 
The New York Times / Zero Hora

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