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sábado, 24 de maio de 2014

HC de São Paulo faz 1º transplante de múltiplos órgãos na rede pública

O cirurgião Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque participa do III Fórum Internacional de Transplantes do Aparelho Digestivo, que discutiu a situação do transplante multivisceral no Brasil. (Foto: Roberto Martins/Depto. GastroUSP/Divulgação)
Foto: Roberto Martins/Depto. Gastro USP/Divulgação
O cirurgião Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque
coordenou o primeiro transplante multivisceral feito
no Hospital das Clínicas da FMUSP
 
Foram transplantados estômago, duodeno, intestinos, pâncreas e fígado. Cirurgia de 12 horas envolveu 24 profissionais e 35 bolsas de sangue
 
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) realizou, nesta quinta-feira (22), o primeiro transplante multivisceral feito por uma instituição pública no país. A cirurgia, que envolve a substituição de vários órgãos de uma só vez, faz parte de um protocolo de pesquisa que prevê a realização de 10 procedimentos do tipo no hospital, financiados pelo Ministério da Saúde.
 
Quem recebeu o transplante foi José Cícero Lira da Silva, de 31 anos. Segundo o cirurgião Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque, diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do HC, o paciente, que veio de Maceió, começou a apresentar problemas no aparelho digestivo há dois anos. Quando foi diagnosticado um tumor neuroendócrino de baixa atividade, ele já estava muito grande e tinha invadido vários órgãos do sistema digestivo.
 
Silva foi encaminhado ao HC há cerca de sete meses, quando passou a ser candidato à cirurgia de múltiplos órgãos. “Ele não tinha mais condições cirúrgicas. A única solução, pela característica histológica e pelo comportamento do tumor, era o transplante multivisceral”, diz o cirurgião. Foram transplantados estômago, duodeno, intestino grosso, intestino delgado, pâncreas e fígado.
 
A operação, que começou às 6 horas da manhã de quinta-feira, durou 12 horas e envolveu uma equipe de 24 pessoas, entre médicos, enfermeiros, coordenadores de transplante e a equipe de preparação dos órgãos. O paciente está em estado estável e deve permanecer desacordado por pelo menos mais três dias. Segundo o cirurgião, ele recebeu 35 bolsas de sangue.
 
Uma das dificuldades em relação ao procedimento, segundo D’Albuquerque, é encontrar um doador único que apresente boas condições em todos os órgãos a serem transplantados. Ele conta que esta foi a sétima vez que o paciente foi chamado para o transplante. Nas seis vezes anteriores, a cirurgia foi cancelada porque pelo menos um dos órgãos não apresentava as condições necessárias.
 
Outros cinco pacientes do HC também se enquadram nesse perfil e aguardam doadores compatíveis para se submeterem ao transplante multivisceral.

Pioneiro
Este foi o segundo procedimento do tipo a ocorrer no país. O primeiro foi feito em 2012 pelo Hospital Israelita Albert Einstein, também em parceria com o Ministério da Saúde. Atualmente, o transplante multivisceral não está previsto nos protocolos que regulamentam os transplantes no país, mas o Ministério da Saúde está avaliando a possibilidade de incluí-lo.
 
O transplante multivisceral consiste na substituição, de uma só vez, do estômago, duodeno, intestino, pâncreas e fígado. Os órgãos são retirados em bloco, de um único doador, e transplantados para o paciente em uma única cirurgia. O procedimento tem várias indicações.
 
Crianças que nascem com torções no intestino devido a falhas genéticas ou defeitos congênitos podem ser candidatas ao procedimento. Assim como pacientes que se submetem a cirurgias recorrentes devido a doenças inflamatórias do intestino, como a doença de Crohn. A indicação ainda pode ocorrer por tumores com metástase ou por entupimento de veias abdominais.
 
O cirurgião calcula que existam de 400 a 600 brasileiros que poderiam ser beneficiados com o procedimento.
 
G1

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