Ao mamar, o bebê melhora o desenvolvimento facial e da mastigação |
Crianças que mamam têm menos risco de sofrer de doenças respiratórias, infecções urinárias ou diarreias, por exemplo
Ele é tudo de que o bebê precisa para matar a fome, a sede, crescer,
se desenvolver e, de quebra, ficar protegido contra doenças. Além disso,
implica muito mais do que oferecer o melhor alimento que existe: é dar
saúde, carinho e proteção. O leite materno é tão importante que, em
defesa dele, todo ano, de 1º a 7 de agosto ocorre a Semana Mundial da
Amamentação. A ideia, segundo a Aliança Mundial para Ação em Amamentação
(Waba, na sigla em inglês), é dar visibilidade a essa prática, que
proporciona inúmeras vantagens.
Crianças que mamam têm menos risco de sofrer de doenças
respiratórias, infecções urinárias ou diarreias — problemas que podem
levar a internações e até à morte. O bebê amamentado corretamente no
futuro terá menos chance de desenvolver diabetes, hipertensão e doenças
cardiovasculares, como indicam inúmeros estudos que o Ministério da
Saúde tenta disseminar em eventos como o que ocorre no decorrer desta
semana.
As crianças foram amamentadas desde sempre. Porém, a partir da década
de 50, com a industrialização e a entrada da mulher no mercado de
trabalho, tivemos uma quebra de paradigma: para dar conta das tarefas
profissionais, muitas delas passaram a deixar de amamentar — e a
alternativa foi oferecer mamadeiras, leite em pó e suplementos que as
indústrias começaram a fabricar para tentar substituir o alimento
natural. Porém, o preço que pagamos por essa troca foi bem caro: uma
série de estudos comprovou que bebês que não tomam o leite materno por
tempo suficiente adoecem mais e têm propensão a uma série de doenças,
além de chances elevadas de sobrepeso e obesidade.
Programa tem objetivo de sensibilizar empresários
De acordo com uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), 80%
das crianças obesas deixaram de ser amamentadas antes dos seis meses de
vida. A explicação parece vir de diversos fatores combinados.
— É muito mais fácil oferecer a mamadeira e dar alimentos sólidos
antes do tempo. E isso ocorre entre famílias de todas as classes
sociais. Porém, temos de nos conscientizar de que é um investimento para
a vida toda. O apoio deve vir de todos os lados — afirma a
nutricionista Kátia Rospide, da Seção de Saúde da Criança e do
Adolescente da Secretaria Estadual de Saúde.
Kátia ressalta a importância de as empresas oferecerem às mães
condições de retirarem o leite durante o expediente, assim que elas
retornarem ao trabalho após a licença-maternidade, afim de dar
continuidade ao processo de amamentação. Ela cita o programa do governo
federal intitulado Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA), que busca
sensibilizar empresas públicas e privadas para um tema tão importante.
— Muitas vezes, o leite é descartado pelas mulheres, o que é um
desperdício. O ideal é as empresas oferecerem salas para a retirada e
local para armazenamento — ressalta ela.
Principais benefícios
— O leite materno contém todos os nutrientes essenciais ao
crescimento e desenvolvimento da criança. Além disso, proporciona
equilíbrio emocional, segurança e maior proximidade com a mãe.
— Ao mamar, o bebê melhora o desenvolvimento facial e da mastigação,
além de reduzir a chance de ter diarreias, alergias, doenças
respiratórias, otites, sinusites e rinites.
— Nas fases iniciais do crescimento humano — no útero e durante os
primeiros meses de vida —, a nutrição e o metabolismo são "moldados"
para o resto da vida. É a chamada programação metabólica.
— Outro fator que influencia na relação entre amamentação e menor
risco de obesidade é a presença do hormônio leptina no leite materno. A
leptina age na inibição do apetite e no processamento dos nutrientes
pelo metabolismo.
— Para a mãe que amamenta, também há vários benefícios: ela corre
menos risco de contrair câncer de mama e de ovário, além do benefício
mais imediato de voltar mais rapidamente ao peso normal,
Zero Hora
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