Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



domingo, 7 de setembro de 2014

Comunicação direta entre cérebros humanos já é uma realidade

Uma equipe internacional de neurocientistas e engenheiros demonstraram a viabilidade da comunicação direta entre cérebros humanos

A descoberta, altamente inovadora, descreve o êxito na transmissão de informações através da internet entre os pensamentos de dois seres humanos – localizados a 8.000 km de distância um do outro.


Credit: Grau C, Ginhoux R, Riera A, Nguyen TL, Chauvat H, et al. (2014) Conscious Brain-to-Brain Communication in Humans  Using Non-Invasive Technologies.
  PLoS ONE 9(8): e105225. doi:10.1371/journal.pone.0105225

“Queríamos descobrir se duas pessoas poderiam se comunicar lendo e repassando suas atividades cerebrais uma para a outra, fazendo isso através de grandes distâncias físicas, aproveitando as vias de comunicação existentes”, explica o coautor Alvaro Pascual-Leone, diretor do Centro Berenson-Allen de Estimulação Cerebral Não Invasiva do Centro Médico Beth Israel Deaconess e professor de Neurologia da Escola de Medicina de Harvard (EUA). “Um caminho para isso é a internet, por isso a nossa questão tornou-se: ‘Será que podemos desenvolver um experimento que pudesse ignorar a fala ou a escrita e estabelecer comunicação direta de cérebro para cérebro entre sujeitos localizados muito longe um do outro, como na Índia e na França?”.

Os pesquisadores descobriram que a resposta para esta pergunta era “sim”.

Em um equivalente neurocientífico de mensagens instantâneas, Pascual-Leone, junto com Giulio Ruffini e Carles Grau, liderando uma equipe de pesquisadores da Starlab Barcelona, na Espanha, e Michel Berg, liderando uma equipe da Axilum Robotics em Estrasburgo, na França, transmitiram com êxito as palavras “hola” e “ciao” em uma transmissão de um local na Índia para um local na França, mediada por um computador usando um eletroencefalograma ligado a internet (EEG) e estimulação magnética transcraniana (EMTr) assistida roboticamente e guiada por imagem.

Estudos anteriores baseados na interação cérebro-máquina através de eletroencefalograma têm normalmente feito uso da comunicação entre o cérebro humano e o computador. Nesses estudos, eletrodos fixados no couro cabeludo gravavam correntes elétricas no cérebro conforme a pessoa realizava um pensamento-ação, como conscientemente pensar em mover o braço ou a perna. O computador então interpretava o sinal e o convertia para uma saída de controle, como em um robô ou uma cadeira de rodas.

A diferença neste novo estudo é que a equipe de pesquisadores adicionou um segundo cérebro humano na outra ponta do sistema. Quatro participantes saudáveis, com idade entre 28 a 50 anos, tomaram parte do estudo. Um dos quatro indivíduos ficou com a interface cérebro-computador (BCI) e era o remetente das palavras; os outros três foram designados para o ramo de interface computador-cérebro (CBI) dos experimentos, recebendo as mensagens e as entendendo.

Usando EEG, a equipe de pesquisa primeiro traduziu as saudações “hola” e “ciao” em código binário e, em seguida, enviaram por e-mail os resultados da Índia para a França. Uma interface computador-cérebro transmitiu a mensagem aos cérebros dos receptores através de estimulação cerebral não invasiva. Os indivíduos experimentaram os sinais como fosfenos, flashes de luz em sua visão periférica. A luz apareceu em sequências numéricas que permitiram que o receptor decodificasse as informações contidas na mensagem. Enquanto os indivíduos relataram não sentir nada, eles receberam corretamente as saudações.

Um segundo experimento semelhante foi realizado entre os indivíduos na Espanha e na França, com o resultado final de uma taxa de erro total de apenas 15%, 11% no final da decodificação e 5% do lado inicial da codificação.

“Ao usar neurotecnologias de precisão avançada, incluindo EEG sem fio e EMTr robotizada, pudemos diretamente e de forma não invasiva transmitir um pensamento de uma pessoa para outra, sem que elas tenham se falado ou escrito qualquer coisa”, celebra Pascual-Leone. “Isso por si só é um passo notável na comunicação humana, mas ser capaz de fazê-lo através de uma distância de milhares de quilômetros é uma importante prova de que o desenvolvimento das comunicações cérebro-cérebro é possível. 

Acreditamos que essas experiências representam um primeiro passo importante na exploração da viabilidade de complementar ou superar a comunicação tradicional”, projeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário