Ressonâncias magnéticas mostram que inibidores de recaptação seletiva de serotonina afetam a conectividade em questão de horas
Nova York - Uma única dose de antidepressivo é suficiente para produzir mudanças dramáticas na arquitetura funcional do cérebro humano. Exames de imagem feitos antes e depois de as pessoas tomarem um inibidor de recaptação seletiva de serotonina (SSRI, na sigla em inglês) revelaram mudanças na conectividade em três horas, segundo estudo publicado nesta quinta-feira na revista “Current Biology”.
— Não estávamos esperando que o SSRI tivesse um efeito tão proeminente em curto espaço de tempo ou que afetasse todo o cérebro — diz Julia Sacher, do Instituto Max Planck para Ciências do Cérebro e Cognitivas.
Os SSRI estão entre os medicamentos antidepressivos amplamente estudados e prescritos no mundo inteiro, mas ainda não está claro como eles funcionam. Já era sabido que essas drogas mudam a conectividade do cérebro de forma importante, mas acreditava-se que os efeitos aconteciam em semanas, não horas. O novo estudo mostra que as mudanças começam a acontecer imediatamente.
Sacher diz que o que eles estão observando em indivíduos que nunca tinham tomado antidepressivos pode ser um marcador de reorganização cerebral.
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Voluntários que participaram no estudo passaram 15 minutos em uma máquina de ressonância magnética que media a oxigenação do sangue no cérebro. Os pesquisadores montaram imagens 3D do cérebro de cada indivíduo medindo o número de conexões entre blocos pequenos (voxels) e a mudança nas conexões a partir de uma dose do medicamento.
A análise de toda a rede cerebral mostra que uma dose de SSRI reduz o nível de conectividade intrínseca na maior parte do cérebro. Mas Sacher e equipe observaram um aumento na conectividade em duas regiões cerebrais: o cerebelo e o tálamo.
Essa descoberta representa um primeiro passo essencial para pacientes que sofrem de depressão, segundo os pesquisadores.
O Globo
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