Um estudo da Universidade de Harvard (EUA) encontrou pela primeira vez uma maneira de transformar células-tronco embrionárias humanas em células que produzem insulina
O avanço poderia eventualmente levar a novas formas de tratar ou até curar milhões de pessoas com diabetes.
A melhora
Hoje, diabéticos precisam verificar regularmente o nível de açúcar no seu sangue e injetar-se com insulina para mantê-lo sob controle. “É um tipo de ‘suporte de vida’ para os diabéticos”, disse Doug Melton, pesquisador de Harvard. “Não cura a doença e leva a complicações devastadoras”.
Pessoas com diabetes mal controlada podem sofrer complicações como cegueira, amputações e até ataques cardíacos. Por conta disso, os pesquisadores têm procurado um tratamento mais eficaz e definitivo para a condição.
Até agora, eles tinham tido certo sucesso com o transplante de células produtoras de insulina de cadáveres em pessoas com diabetes. Mas é muito difícil obter células suficientes para tratar um grande número de pacientes, de forma que os cientistas queriam descobrir uma outra fonte onde pudessem obter mais células facilmente.
O avanço veio depois de uma pesquisa de 15 anos, que finalmente descobriu uma maneira de transformar células-tronco embrionárias humanas nas chamadas células beta do pâncreas, que produzem insulina.
A pesquisa
Dezenas de cientistas passaram anos analisando os genes das células e experimentando diferentes combinações de sinais químicos para tentar persuadir essas células a se tornar células beta. Finalmente, chegaram a uma “receita” que parece funcionar.
“Foi como fazer uma espécie de bolo muito extravagante – como um bolo de chocolate com framboesa e cobertura de baunilha ou algo assim”, disse Melton. “Você sabe muito bem quais são todos os ingredientes que você tem que usar. Mas é a maneira como você os adiciona, a ordem, quanto tempo você os cozinha etc, que fazem a diferença”.
Quando Melton e seus colegas transplantaram as novas células em ratinhos com diabetes, os resultados foram claros e rápidos.
“Nós pudemos curar a diabetes imediatamente – em menos de 10 dias”, conta o pesquisador. “Esta descoberta proporciona um tipo de fonte celular sem precedentes, que poderia ser utilizada para a terapia de transplante de células em pacientes com diabetes”.
Problemas
O avanço é significativo, mas ainda há muito trabalho a se fazer.
Antes de mais nada, os cientistas precisam descobrir uma maneira de esconder as células novas do sistema imunológico, para que não sejam atacadas, especialmente para pessoas com diabetes tipo 1. Eles estão trabalhando nisso e já desenvolveram um “escudo” para protegê-las.
Além disso, algumas pessoas têm objeções morais a tudo o que envolve a pesquisa com células-tronco embrionárias humanas, porque destrói embriões humanos.
“Se, como eu, alguém considera o embrião humano imbuído dos mesmos tipos de dignidade que o resto de nós tem, então, de fato, isso é moralmente problemático”, disse Daniel Sulmasy, médico e bioeticista da Universidade de Chicago (EUA). “É a destruição de uma vida humana individual única, com o único propósito de ajudar outras pessoas”.
Melton acha que também pode fazer células de insulina usando um outro tipo de célula-tronco, conhecida como célula-tronco pluripotente induzida, que não destrói qualquer embrião. A equipe de Harvard já está tentando descobrir se a técnica funciona bem neste tipo de célula, e espera começar a testar as novas células de insulina em pessoas com diabetes dentro de três anos.
NPR / Hypescience
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